Por sua bravura em combate, ele entrou para o restrito rol de aviadores que receberam a mais alta condecoração nazista
M.R. Terci Publicado em 28/01/2020, às 07h00 - Atualizado em 25/02/2022, às 15h39
Havia uma batalha diferente nos céus da Europa. Uma peleja incessante que não era delimitada pelas fronteiras geográficas ou ideologias antagônicas. Bandeiras e ideais poderiam queimar, mas o que ardia no coração dos aviadores era o desejo de glória e isso, muitas vezes, os levava para longe.
Pouca gente sabe, mas um brasileiro se tornou o Ás da Luftwaffe — Força Aérea Alemã. Difícil acreditar? Sim, mas essa é a história de Egon Albrecht Lemke, natural de Curitiba, capital do Paraná, descendente de alemães.
Atendendo aos apelos de Hitler, Egon viajou para a Alemanha nos anos 1930, se juntou à juventude hitlerista e, mais tarde, com pouco mais de 20 anos de idade, tornou-se um dos mais destacados pilotos de caça alemães, participando de dezenas de missões de ataque na Europa.
A bordo de sua máquina voadora, um caça bimotor Messerschmitt BF 110, Lemke combateu nas grandes invasões nazistas dos Países Baixos, em missões de apoio às tropas em terra na França e na épica batalha nos céus da Inglaterra. Na frente russa, o caça de Lemke abateu, sozinho, 15 aviões.
Condecorado diversas vezes, o piloto foi promovido à capitão e passou a liderar uma das mais mortíferas esquadrilhas da Luftwaffe. Retomou o combate aéreo na França em 1943 e, posteriormente, participou da defesa da Áustria, em 1944, quando bombardeiros Aliados decolaram da Itália.
Por sua bravura em combate e grande número de aviões Aliados abatidos — 25 no total — foi condecorado com a Ritterkreuz, o Cavaleiro da Cruz de Ferro e, com isso, o brasileiro entrou para o restrito rol de aviadores alemães que receberam a mais alta condecoração nazista.
Egon Albrecht Lemke continuou tocando o terror nos céus até a data em que Paris foi libertada. Em sua última missão, à leste da capital francesa, Lemke foi atacado por vários aviões Aliados. Saltou de paraquedas, mas não sobreviveu. Morreu em ação no dia 25 de agosto de 1944.
O aviador brasileiro foi considerado, ao lado de lendários ases como Hans-Ulrich Rudel, Adolf Galand e Walter Krupinski, um dos maiores e mais destacados pilotos da Segunda Guerra Mundial.
Egon Albrecht Lemke serviria de modelo para a propaganda nazista, aparecendo em fotos que mobilizariam milhares de jovens ao redor do mundo a ingressarem nas linhas germânicas. O curitibano inspiraria, assim, muitos outros jovens a somarem forças aos alemães, entre estes, um outro brasileiro.
Wolfgang Ortmann, nascido em São Bento do Sul, no estado de Santa Catarina, topou com a propaganda nazista de seu conterrâneo brasileiro e, movido pelo mesmo desejo de glória, ingressou nas esquadrilhas da Luftwaffe. Combateu no front russo e os registros de época o descrevem como habilidoso piloto. Contudo, obteve menos êxito do que o curitibano Lemke. Wolfgang Ortmann morreu em fevereiro de 1942, abatido por aviões russos.
M.R. Terci é escritor e roteirista; criador de “Imperiais de Gran Abuelo” (2018), romance finalista no Prêmio Cubo de Ouro, que tem como cenário a Guerra Paraguai, e “Bairro da Cripta” (2019), ambientado na Belle Époque brasileira, ambos publicados pela Editora Pandorga.
Virou série: Como foi o desaparecimento de Priscila Belfort?
Irmãos Menendez: Veja o que aconteceu com a casa que foi palco do crime
Irmãos Menendez: Veja a história real por trás da série da Netflix
Bandida - A Número 1: Veja a história real por trás do filme
Bandida - A Número 1: Veja os relatos da mulher que inspirou o filme
Os impressionantes relatos do homem que viu o Titanic afundar