A morte do ativista sul-africano resultou num luto nacional de cerca de dez dias no seu país de origem, período marcado por diversas homenagens em memória do ícone global
Giovanna de Matteo Publicado em 05/12/2020, às 00h00
Nelson Mandela é um dos grandes nomes da humanidade que fez história no mundo. Ele foi o ativista mais famoso na luta contra o Apartheid na África do Sul, seu país de origem, e propagou sua luta anticolonialista e antirracista para todo o globo, combatendo a desigualdade social e promovendo a paz mundial.
Sendo homenageado com cerca de 250 prêmios durante sua vida, incluindo o Nobel da Paz, que ganhou em dezembro de 1993, a personalidade de Mandela encantou muitos.
Contudo, o homem também enraiveceu aqueles que não concordavam com a sua ideologia. Em seu país, por muitos anos foi perseguido, tendo vivido parte da sua vida adulta na cadeia.
Mandela, na época, tinha a pior classificação entre os prisioneiros – classe D. Significava que só podia receber uma única visita ou correspondência a cada seis meses. Não poderia, nessa época, ler jornais ou ter qualquer outro contato com o mundo além daqueles muros.
A todo esse sofrimento, Nelson Mandela resistiu com uma força interior extraordinária. Quando percebia que estava a ponto de perder toda a esperança, repetia para si um pequeno poema vitoriano, Invictus, escrito em 1875 pelo inglês William Ernest Henley, que termina assim: “Além deste lugar de ira e lágrimas / Somente o horror das trevas eu vejo / E ainda assim a ameaça dos anos / Me encontra, e sempre me encontrará, sem medo / Não importa quão estreito o portão / Nem quanto minha sentença é de punições carregada / Eu sou o mestre do meu destino / Eu sou o capitão da minha alma”.
Depois anos aprisionado, acusado de liderar um movimento contra o sistema segregacionista, o homem pôde finalmente ser libertado. A partir desse momento, continuou seu ativismo, e dessa vez ele não perdeu as oportunidades.
Transição política
Nelson iniciou uma transição política que evitou uma guerra civil na África do Sul, e o levou a ser o primeiro presidente do país eleito democraticamente. Ao tomar posse em 10 de maio de 1994, aos 75 anos, entrou para a História mais uma vez.
Instituindo uma nova Constituição e consolidando a democracia, seu governo deu fim ao sistema do Apartheid, que funcionava desde 1948.
Além disso, abriu o país para o turismo, trabalhou em reformas econômicas e propagou políticas públicas contra a desigualdade. Em 1999, seu mandato na presidência acabou, mas ele continuou sendo influência mundial e teve uma longa vida.
Mandela faleceu aos 95 anos, devido uma infecção respiratória, em 5 de dezembro de 2013. Instantaneamente depois do anúncio de sua morte, um luto nacional se instalou na África do Sul. O período que durou 10 dias foi marcado por diversas homenagens em memória do líder.
Com todas as bandeiras dos prédios do governo hasteadas a meio mastro, em respeito aos grandiosos atos de coragem do primeiro chefe de estado negro do país, o povo sul-africano respeitava o seu tempo de superação, e celebrava então a partida do homem que deu voz à sua nação.
O portão de sua casa se enchia de fotos, bandeiras sul-africanas, flores e velas, sendo local de vigília para várias pessoas. No dia 8 de dezembro, o país também parou, sendo declarado um dia especial para orações e reflexões sobre a vida do "pai da nação", como era considerado.
Em 10 de dezembro, um serviço fúnebre do estado foi realizado no Estádio FNB , em Joanesburgo. Neste dia, cerca de 170 líderes de países do mundo todo estiveram presentes no evento, incluindo 91 chefes de estado e de governos estrangeiros, cerca de 90 representantes governamentais, líderes de 20 organizações internacionais e dezenas de celebridades.
O funeral oficial foi realizado em 15 de dezembro, em Qunu, no Cabo Oriental, onde compareceram aproximadamente 4.500 pessoas durante a cerimônia.
Não é de se surpreender que até hoje Nelson Mandela é lembrado com respeito e carinho pelo povo sul-africano e por seus simpatizantes do mundo todo.
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