A insistência do cinema em apresentar Cleópatra como uma mulher bela, quase apagou seu verdadeiro encanto: a inteligência
M.R. Terci Publicado em 12/08/2019, às 10h00 - Atualizado em 11/06/2021, às 09h30
Embora não fosse tão bela como a retrataram nas telas de cinema, a última rainha do Egito Antigo é uma das personalidades mais cativantes e misteriosas da história da humanidade.
Enigmática, sensual e astuciosa, Cleópatra reúne todos os ingredientes de uma personagem de ficção. Rainha de um país exótico e místico, mãe, deusa e guerreira. Amou ardentemente a terra mágica dos faraós, celebrando a paz, fazendo a guerra e tornando o Egito imensamente rico ao colocar a seus pés os dois homens mais poderosos de sua época, Júlio César e Marco Antônio.
Mas Cleópatra é mais. Não só ofuscou e desorientou seus amantes, como também desnorteou arqueólogos, egiptólogos, historiadores, artistas, escritores e cineastas. Um mito de grande alcance popular, símbolo disputado ferrenhamente pelos defensores dos valores ocidentais e pelos advogados da cultura oriental.
Cada época e cada cultura parecem projetar sua própria rainha do Nilo, visualizando-a de uma maneira nova, encenando sua imagem com diferentes discursos. O fato de que diversos movimentos tenham reivindicado Cleópatra com tamanha paixão sugere não só seu impacto na história humana, mas, igualmente, seu poder atemporal de sedução.
Por outro lado, ser representada como uma mulher branca num país africano, também é motivo de muita discussão e polêmica, principalmente quando se desconhece a sua origem materna.
Num instigante artigo reproduzido pelos Cadernos Pagu, da Universidade de Campinas, em 2004, a pesquisadora norte-americana Ella Shohat analisou a representação iconográfica de Cleópatra no século 20, quando entrou em discussão a cor de sua pele.
Estabelecer se Cleópatra foi negra, africana e egípcia, de um lado, ou branca, greco-macedônia e europeia de outro, faz parte da velha disputa cultural entre Ocidente e Oriente, opiniões que se revestem, indubitavelmente, de matizes políticos e ideológicos.
Mas, quando se trata dos atributos intelectuais da rainha, os historiadores são convergentes. Cleópatra era inteligente, culta e charmosa; além de ser a única em sua dinastia a dominar o idioma egípcio, falava oito línguas, inclusive, algumas bárbaras. Era versada em filosofia, alquimia, matemática e grande entusiasta da música e poesia.
Segundo o escritor Plutarco, sua presença combinada com a força de seu discurso era algo estimulante e irresistível. Tanto ele como o romano Cássio Dio destacaram o sentimento e o encanto das falas da rainha: “Havia doçura no tom de sua voz”.
M.R. Terci é escritor e roteirista; criador de “Imperiais de Gran Abuelo” (2018), romance finalista no Prêmio Cubo de Ouro, que tem como cenário a Guerra Paraguai, e “Bairro da Cripta” (2019), ambientado na Belle Époque brasileira, ambos publicados pela Editora Pandorga.
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