Registro da casa de Dona Yayá - Divulgação/Vídeo/Youtube/Assucena Tupiassu
Brasil

Conheça a história por trás da casa mal-assombrada de Dona Yayá, em São Paulo

O lar de uma órfã virou seu manicômio e prisão pela vida toda

Mariana Ribas Publicado em 04/07/2019, às 14h00 - Atualizado em 15/05/2022, às 10h00

Uma construção histórica no bairro do Bixiga, em São Paulo, já foi cenário de uma história de horror, que faz lembrar o roteiro do filme O Iluminado: uma mulher viveu sozinha ali, da infância até a morte. Não à toa, o casarão ganhou fama de assombrado, inspirando lendas e apavorando as crianças da rua. Virou a Casa de Dona Yayá, a prisão domiciliar de uma órfã de destino trágico.

Residência por onde passaram clãs importantes do passado paulistano, a casa teve como últimos moradores a tradicional família Melo Freire: o político e fazendeiro Manuel de Almeida Melo Freire, vindo de Mogi das Cruzes, se mudou para lá em 1921 com a esposa e os quatro filhos. E não demorou para que desgraças em série acontecessem sob aquele teto.

A pequena Sebastiana era uma das filhas de Manuel, conhecida por todos como Yayá. Num espaço curto de tempo, essa criança teve a infância marcada por perdas terríveis. Uma irmã morreu asfixiada com apenas 3 aninhos. Pouco depois, aos 13, outra irmã perderia a vida para o tétano.

E não demorou para que Yayá logo perdesse também os pais, restando-lhe apenas o irmão mais velho. Mas ele se formou advogado e não perdeu tempo: deixou aquele lar malfadado e abandonou a menina. Então, ainda menor de idade, apesar de rica por herança, Yayá ficou sozinha na imensidão daquela casa – aos cuidados apenas de empregados e tutores.

O isolamento não fez bem à cabeça da órfã. Já aos 31 anos, Yayá perdeu o controle sobre a própria vida ao ser considerada fora de suas faculdades mentais. Sim, uma louca aprisionada, sozinha, numa mansão deserta. O cenário perfeito para que a pecha de casa assombrada pegasse. E os detalhes escabrosos ajudaram.

Com a interdição de Yayá, o casarão virou o manicômio de uma paciente exclusiva. As janelas só podiam ser abertas pelo lado de fora e a comida chegava através de um buraco na parede. Dona Yayá não pôde ver a luz do dia até seus 65 anos, quando finalmente foi construído um solário para ela.

Sebastiana de Melo Freire, a mulher mais solitária e infeliz de São Paulo, morreu aos 74 anos, em 1961, de insuficiência cardíaca. Sem filhos ou parentes, teve sua herança transferida para a Universidade de São Paulo. A casa? Ela permaneceu lá, inabitada até 1991, quando passou por uma reforma. Hoje é sede do Centro de Preservação Cultural da USP.

São Paulo História História do Brasil Lendas prisão mitos manicômio casa Dona Yayá assombrada órfã

Leia também

Vitória de Donald Trump representa 'risco de turbulências', avalia professor


Há 90 anos, morria o ilustre cientista Carlos Chagas


Ainda Estou Aqui: 5 coisas para saber antes de assistir ao filme


O Exorcista do Papa: O que aconteceu com o padre Gabriele Amorth?


Relação tempestuosa e vida reservada: Quem é Vivian Jenna Wilson, filha de Elon Musk


Confira 5 gladiadores que ficaram famosos no Império Romano