O líder comunista possuía outros planos para o terreno ocupado então pela Catedral de Cristo Salvador
Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 04/12/2021, às 08h00
A Catedral de Cristo Salvador começou a ser construída em 1817, a mando do czar Alexandre I. O soberano pretendia que a obra simbolizasse a grandeza da Rússia, que vivia um período de compreensivo nacionalismo após triunfarem contra Napoleão Bonaparte, que já havia conquistado diversas nações.
A planta da igreja foi projetada pelo arquiteto Karl Magnus Vitberg, e teria agradado o imperador russo imensamente.
Você adivinhou meu desejo. Eu não queria que fosse apenas uma pilha de pedras, como um edifício comum, mas algo acalorado por uma ideia religiosa. Revisei até 20 projetos, dentre os quais alguns eram muito bons, mas, ainda assim, muito comuns. Você, no entanto, fez as pedras falarem”, afirmara Alexandre I, segundo documentado pelo site Russia Beyond.
O projeto, no entanto, passou por uma série de percalços antes de se concretizar. O primeiro deles, que desencadeou a maré de azar para a catedral, fora a morte do czar.
O líder seguinte a assumir o trono, Nicolau I, infelizmente não estava tão disposto a dispender dos recursos necessários para fazer o grandioso templo da Igreja Ortodoxa Russa sair do papel. Dessa forma, as obras foram paralisadas.
Para piorar a situação, uma investigação a respeito da construção identificou a realização de fraudes. A responsabilidade pelos atos caiu sobre os ombros do próprio Vitberg, que fora eleito como mestre de obras.
Hoje, tragicamente, o consenso entre os historiadores é que o arquiteto era, na verdade, inocente, tendo sido uma mera vítima de uma conspiração por parte dos outros operários.
O hiato das obras, contudo, não durou para sempre: isso porque Nicolau I não apenas era irmão do último imperador, como também um homem muito religioso. Eventualmente, ele se arrependeu de sua decisão e recomeçou a edificação da catedral, embora dessa vez em um local diferente do anterior. O novo projeto foi iniciado em 1822 e chegou à conclusão em 1883.
Mesmo depois de toda essa saga, porém, ainda não era o fim da desassossegada trajetória vivida pela igreja até chegar ao seu estado atual. Isso porque a Rússia estava prestes a passar por uma grande transformação em seu sistema político, e com isso, viria uma mudança de prioridades.
Em 1917, o Partido Bolchevique, encabeçado por Vladimir Lenin, chegou ao poder. Iniciava-se o período comunista da nação.
Não foi o primeiro líder, porém, e sim o segundo que tomou a decisão de que a Catedral de Cristo Salvador não precisava mais existir. Sob as ordens de Joseph Stalin, a construção sendo demolida em dezembro de 1931.
O objetivo do político soviético era usar o local para erguer o chamado 'Palácio dos Sovietes', uma construção mais sintonizada com os ideais valorizados por aqueles que comandavam a nação russa nessa época, ainda conforme o Russia Beyond.
A edificação, no entanto, teve ainda menos sorte que sua predecessora. Isso pois, em meio às suas obras, eclodiu a Segunda Guerra Mundial, que levou à uma drástica mudança de planos.
A construção do palácio precisou ser interrompida, e, devido às dificuldades econômicas do pós-guerra, nunca foi recomeçada.
A vontade da população da Rússia, no entanto, acabou falando mais alto que a inflação do período. E o que eles queriam era o retorno da Catedral de Cristo Salvador, algo que conseguiram através de uma petição. O templo foi reconstruído entre 1989 e 1999, dessa vez vindo para ficar.
Hoje, a imponente igreja pode acomodar 10 mil fieis, e é a segunda mais famosa de Moscou.
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