O oficial da SS conhecido como Anjo da Morte teria falecido na praia de Bertioga. E apenas em 6 de junho de 1985, sua identidade foi revelada
Eduardo Szklarz e Joseane Pereira Publicado em 06/06/2019, às 15h00
No dia 6 de junho de 1985, em um cemitério na cidade de Embu das Artes, em São Paulo, o corpo do austríaco Wolfgang Gerhardt foi exumado, e seus restos mortais foram levados ao Instituto Médico Legal de São Paulo. Gerhardt, que teve um mal súbito e faleceu na praia de Bertioga em 1979, com 54 anos, havia passado parte da vida em pacatas cidades do interior de São Paulo, na casa de amigos e na companhia de seus cachorros.
Mas o que fez com que seu corpo saísse do descanso eterno foi uma suspeita posteriormente confirmada: Gerhardt na verdade era o oficial nazista Joseph Mengele, o anjo da morte de Auschwitz.
Oficial sanguinário
Mengele estudou medicina e antropologia nas universidades de Munique e Frankfurt. Em 1937, já formado, conseguiu uma vaga no Instituto para Hereditariedade, Biologia e Pureza Racial da Universidade de Frankfurt e filiou-se ao Partido Nazista.
No ano seguinte, ingressou na SS, que administrava os campos de concentração e extermínio nazistas. O emprego que, enfim, o levaria a ter o apelido de Anjo da Morte veio em 1943: um posto de médico em Birkenau, parte do complexo de Auschwitz, na Polônia. O sempre elegante doutor ganhou o sinal verde para realizar atrocidades “em nome da ciência”.
Era parte de sua função selecionar os presos recém-chegados. Em segundos, analisava as feições de cada um e mandava-os às fileiras da direita ou da esquerda: trabalho escravo ou morte.
Um terceiro destino era reservado a certos prisioneiros, sobretudo os gêmeos: servir de cobaia em testes cruéis. Com cinismo exacerbado, total ausência de afeto e fanatismo científico, Mengele teria determinado a execução de 200 mil a 400 mil pessoas, e torturado muitas outras em seus experimentos.
Morte tropical
Após o fim da guerra, os nazistas tinham 3 opções: suicídio, prisão ou fuga. A história oficial diz que Mengele se mudou para o Brasil no fim dos anos 1960, conseguindo abrigo com Geza e Gitta Stammer, imigrantes húngaros que tinham uma fazenda de café em Nova Europa, São Paulo. Um ano depois, mudaram-se para o município de Serra Negra.
No começo dos anos 1970, Mengele teria se aproximado de outro casal: o ex-cabo do Exército nazista Wolfram Bossert e Liselotte, professora do Colégio Humboldt. Os austríacos moravam no bairro do Brooklin, na capital paulista.
Em fevereiro de 1979, já com a saúde debilitada, o médico foi a convite deles passear em Bertioga, no litoral paulista, e teria se afogado, talvez, vítima de um derrame.
A tumba de Mengele estaria no cemitério do Rosário, em Embu das Artes, Grande São Paulo.
Uma equipe de legistas exumou os restos do corpo, em junho de 1985, e concluiu que pertenciam ao nazista. Em 1992, um exame de DNA confirmou a descoberta. A análise utilizou uma amostra de sangue de Rolf, filho do carrasco, e foi conduzida pelo geneticista britânico Alec John Jeffreys.
Hoje, a maioria dos pesquisadores considera o enigma resolvido. Entretanto, alguns historiadores como o polonês Ben Abraham, sobrevivente do holocausto que perdeu os pais em campos de extermínio, consideram o caso inconcluso.
Para Abrahan, a versão apresenta uma série de incongruências, inclusive entre o corpo e a ficha médica do nazista da SS. Mengele teria fabricado um sósia para forjar sua morte.
"Seu filho Rolf demorou anos para conceder uma amostra de DNA. Tenho informações de que Mengele morreu em 1992, nos Estados Unidos, mas não sei de detalhes", afirma o historiador.
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