Após um estupro, Conley foi julgado pelos familiares por ser homossexual
Fabio Previdelli Publicado em 02/05/2020, às 09h00
“Ou você é gay, ou é nosso filho”, foram essas duras e injustas palavras que Garrard Conley, com 19 anos na época, ouviu de seus pais. Nascido no Arkansas, Estados Unidos, ele era filho de um pastor da igreja Batista muito querido em sua comunidade e, como era de se esperar, foi criado sob tradições conservadoras.
″É muito fácil de entender. Eles [seus pais] foram ensinados que ser gay resultaria em dor e sofrimento”, disse em entrevista ao HuffPost. “Quando descobriram que eu era gay, ligaram para os líderes da igreja, que sugeriram que a terapia de conversão seria a melhor opção. Por terem sido ensinados a confiar na igreja, concordaram com eles”.
A relação conturbada com seus pais começou após um episódio de violência sexual que sofrera. O jovem havia sido abusado por um colega de igreja quando participou de um acampamento da congregação. Seu molestador revelou aos seus pais sua orientação sexual. O ato era visto como uma forma de “silenciá-lo”.
Apesar de todo o mal que o filho sofreu, seus progenitores acreditavam que o crime maior de toda a história era aquele cometido por Garrard: ser gay. Durante muitos anos, Conley entendia que tanto o abuso que sofreu, quanto a terapia que foi obrigado a passar eram “punições de Deus” por ele ter pensamentos homossexuais classificados — pelo próprio jovem — como “transgressões mentais”.
Assim, foi obrigado a passar por um centro de conversão gay chamado LIA (“amor em ação”, em tradução livre), na cidade de Memphis. As regras da terapia eram totalmente opostas a quaisquer atividades do mundo secular.
Dentro do programa, era proibido o uso de roupas coloridas; as mulheres tinham que se depilar duas vezes por semana; os homens tinham que se barbear rigorosamente, eram impedidos de usarem costeletas e roupas interiores; os jovens não podia ia aos shoppings e nem usar celular dentro da instituição; assim como também não podiam ler qualquer livro que não fosse cristão ou até mesmo praticar yoga.
Por lá, Conley se deparou com homens casados, professores “envergonhados” por suposições feitas em ambiente de trabalho e adolescentes — assim como ele — que haviam sido obrigados a participarem do programa por pressão familiar.
A terapia seguia a premissa que todo homossexual podia ser curado e estabelecia 12 passos para a meta, o primeiro deles era: “reconhecer que você está errado”. Entretanto, algumas semanas depois, com suporte de sua mãe, abandonou o programa que só lhe fazia mais mal e trazia pensamentos autodepreciativos.
Como forma de exorcizar realmente aquilo que ela necessário, decidiu escrever um livro sobre sua história. "Esperei 10 anos antes de escrever uma palavra do livro", explica. "Eu estava tão preocupado em parecer estúpido - senti que todo mundo já estava julgando meu passado”.
“[Mas] decidi escrever depois de aceitar alguns dos sintomas que experimentei por causa da terapia (um profundo sentimento de vergonha permanente, por exemplo), e senti que precisava dar voz às experiências dos outros.”
Assim, surgiu o livro Boy Erased – Uma Verdade Anulada (Editora Intrínseca). Como o próprio autor explica, a obra é dividia em três atos: a dele, a de seus pais e a dos conselhos que recebeu no centro que devia “curá-lo” de ser gay.
O livro entrou na lista de melhores do ano do The New York Times e na lista de Top 10 Biografias do Oprah’s Book Club — da apresentadora Oprah Winfrey. Além do mais, em 2018, a obra ganhou uma adaptação cinematográfica dirigida por Joel Edgerton; e estrelada por Nicole Kidman, Russell Crowe e Lucas Hedges.
A marca em seu passado, com seus pais, já foi superada por Garrard Conley, afinal, a dedicatória de seu livro é vista como um ato surpreendente de perdão. Hoje, morando com seu marido em Nova York, ele também se tornou ativista das causas LGBTI nos Estados Unidos e também criou o podcast UnErased (“Não Apagado”, em tradução literal).
“De muitas maneiras o garoto que eu era durante o meu tempo na terapia de conversão não existe mais. Eu o apaguei para dar espaço a uma nova identidade que agora possuo como ativista e escritor”.
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