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Comunismo

Elza Fernandes: A garota que foi brutalmente assassinada no Brasil

No ano de 1936, a militante comunista foi enforcada nas mãos de seus próprios colegas

Redação Publicado em 16/08/2019, às 10h00

Elza Fernandes era o codinome de Elvira Cupello Colônio, militante comunista nascida em Sorocaba, interior de São Paulo. Pobre e semiletrada, entrou para o Partido Comunista Brasileiro na década de 1930 por influência de Antônio Maciel Bonfim, seu namorado e secretário geral do PCB.

Conflitos no Partido

Em janeiro de 1936, quando tinha 16 anos, foi presa no Rio de Janeiro junto ao seu namorado, por ocasião da Intentona Comunista. Por ser menor de idade e nada poder acrescentar ao depoimento do namorado, a garota foi liberada e se juntou aos comunistas em liberdade.

Elza passou a ser alvo da desconfiança de seus companheiros, que procuravam por um traidor. A sua libertação foi muito suspeita: enquanto militantes eram torturados na cadeia, a garota saiu da prisão em apenas duas semanas. Ou ela pecava por traição, tendo delatados outros colegas em troca de benefícios, ou era uma garota ingênua, que sem perceber levava investigadores aos esconderijos do PCB.

Condenação e assassinato

Diante das desconfianças e convencido da traição, Luís Carlos Prestes escreveu aos colegas que era preciso “conseguir que ela diga realmente como a preparou a polícia, como a instruiu, que métodos empregou, com que recursos a comprou”, registra o livro "Guia Politicamente Incorreto", de Leandro Narloch. Presa em uma casa na zona rural carioca, a garota passou por interrogatórios criados pelo espião soviético Stuchevski e enviadas aos membros do partido.

Após alguns desentendimentos, o Tribunal Vermelho, comandado por Prestes, decidiu pela execução sumária da garota. Com a decisão tomada, Elza foi levada pelo militante Eduardo Ribeiro Xavier para uma casa na Estrada do Camboatá, no Rio de Janeiro, que seria o local da execução.

De acordo com Manoel Cavalcanti, outro participante do assassinato, eles pediram que Elza fizesse café para o grupo, ”no que a vítima, sorridente e satisfeita, prontamente acedeu”. Após o café, Francisco Lyra “aproximou-se rapidamente da menor, envolvendo-lhe o pescoço com a corda”, explica o livro. Seu corpo foi colocado em um saco e enterrado no quintal da casa.

Em 1940, depois que os integrantes do PCB foram presos e confessaram o crime, o corpo da garota foi encontrado. Desde então, sua morte ficou marcada como um dos casos mais intrigantes na história do país.


Fontes: Gazeta do Povo, CBN Radio, Hoje em Dia, Diário Carioca, G1, A Noite, Guia Politicamente Incorreto.

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