O neurocientista Fabiano de Abreu explica como os padrões de conexões entre os neurônios são diferentes entre os dois gêneros
Pamela Malva Publicado em 09/03/2021, às 13h00 - Atualizado às 13h59
Mesmo que, biologicamente, existam muitas diferenças físicas entre corpos tidos como de homens e mulheres, algumas características são ainda mais distintas. Nesse sentido, segundo o neurocientista Fabiano de Abreu, nada é mais complexo do que as diferenças existentes entre os cérebros femininos e masculinos.
Doutor em neurociências, psiquiatra e psicólogo, o profissional listou algumas dessas distinções cerebrais que, de acordo com sua pesquisa, são capazes de explicar as mudanças nos comportamentos dos homens e das mulheres.
“Os homens têm cerca de 30% mais conexões entre os neurônios do que as mulheres”, afirma o cientista. “Enquanto o cérebro dos homens é cerca de 12% maior, o fluxo sanguíneo e a proporção de substância cinzenta das mulheres são mais avantajados”.
Mesmo assim, de acordo com o Conselho Superior de Investigações Científicas da Espanha, essas distinções não querem dizer que um é mais inteligente que o outro, apenas que alguns cérebros processam a informação de maneira diferente de outros.
Ainda segundo Fabiano, a distribuição dos neurônios no cérebro também se difere entre os gêneros biológicos. Enquanto os cérebros femininos “têm maior densidade de neurônios nas regiões relacionadas à linguagem”, tal concentração aparece nas zonas “da região da lógica e espacial”.
“Quando a mulher fala, os dois lados dos lobos frontais são ativados, enquanto no homem, apenas o lado esquerdo”, completa. Essa ideia, segundo Fabiano, corrobora para a ideia de que não é possível definir o cérebro mais inteligente a partir do gênero.
“O que define a inteligência é o QI de cada pessoa e seu desenvolvimento cognitivo. Podemos dizer que o homem tem a região da lógica mais bem desenvolvida e a mulher tem um melhor desenvolvimento cognitivo. Ambos estão relacionados à inteligência."
De acordo com o neurocientista, também existem algumas variações de tamanho entre diversas áreas dos cérebros biologicamente femininos e masculinos. Muitas mulheres, por exemplo, apresentam um hipocampo — região relacionada à memória do indivíduo — maior que a maioria dos homens.
Enquanto isso, a amígdala — reguladora das emoções e memórias relacionadas a emoção, comportamentos sociais e excitação sexual — em cérebros masculinos é cerca de 10% maior que a mesma zona presente em cérebros femininos.
De qualquer forma, segundo Abreu, “nenhum estudo define se o tamanho da amígdala está relacionado ao fato dos homens serem mais agressivos e impulsivos. Essas características têm mais relação com o hormônio testosterona”.
Biologicamente falando, a principal diferença entre os dois gêneros pode se resumir ao cromossomo Y. Para Fabiano, no entanto, é importante pontuar que os hormônios são responsáveis por algumas das maiores distinções entre ambos.
Em corpos tidos como femininos, por exemplo, “há um sistema mais robusto nos neurotransmissores serotonina, dopamina e GABA, com maior concentração no sangue, como é o caso da serotonina”. Por isso, inclusive, verifica-se uma “prevalência de depressão e transtornos alimentares” em um grande número de mulheres.
Dessa forma, segundo o neurocientista, a discussão sobre o tamanho dos cérebros deve se restringir ao entendimento de cada um, não para definir se algum é mais inteligente. "A discussão de quem é mais inteligente, se o homem ou a mulher, já não cabe mais nos dias de hoje”, pontua Fabiano.
Por fim, o psiquiatra afirma que “estamos chegando a uma nova transformação, onde ambas inteligências se integram para uma nova evolução”. Sendo assim, por mais que, no passado, a ideia de força tenha sido determinada pela evolução humana, a lógica já não é mais a mesma nos dias de hoje.
“A definição de ‘forte em músculos’ não é a mesma do ‘forte no emocional’, como não define o mantenimento da espécie”, pontua Fabiano. “Nossa sobrevivência é um resultado desta ‘parceria’ e dos ‘encaixes’ da inteligência e personalidade. E assim vamos nos moldando de acordo com essa evolução e seu tempo.”
Dessa forma, a plasticidade cerebral e as nuances entre os distintos cérebros diz mais a respeito de cada indivíduo, “diluindo, assim, a diferença e determinando-a de forma singular independente do gênero”, finaliza Fabiano.
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