O caso, que repercutiu em 2019 com publicação de estudo, surpreendeu pessoas ao redor do mundo
Isabela Barreiros Publicado em 31/10/2021, às 08h00
Em meados dos anos 2000, um biólogo do Museu de Queensland, na Austrália, ficou intrigado ao perceber que não conhecia a espécie de um peixe que era vendido por um pescador no estado australiano de Queensland.
Jeff Johnson decidiu que buscaria mais informações sobre essa história e começou a procurar o peixe nos mercados e contatar pescadores para entender mais sobre o animal, que era vendido aos montes e há muito tempo no país.
No entanto, a tentativa revelou-se mais difícil do que o especialista esperava pois, todas as vezes em que ele tentava comprar a espécie no mercado de peixes ou até mesmo diretamente com os pescadores, as unidades já haviam se esgotado.
Isso dificultou o começo da investigação de Johnson, mas não o impediu de continuar tentando, insistentemente, por anos. A curiosidade do australiano persistiu por muito tempo, até que ele, enfim, conseguiu encontrar alguns dos peixes e analisá-los.
É possível dizer que toda a espera valeu a pena. O que o biólogo descobriu surpreendeu a Austrália e, ainda, o mundo, que ficou sabendo da descoberta científica de Johnson por meio de um artigo publicado no periódico Zootaxa em 25 de setembro de 2019.
Ele não era o único que não conhecia a espécie de peixe vendida por pescadores australianos: toda a ciência desconhecia aquele animal, que ainda não havia sido analisado por pesquisadores.
O pesquisador conseguiu analisar alguns espécimes do peixe apenas após anos de tentativa, mesmo sabendo que havia algo de curioso naquela história e insistindo na investigação. O primeiro exame na espécie aconteceu em 2017.
"Assim que os vi, pensei que provavelmente eram uma nova espécie, então comprei cinco exemplares e comecei o trabalho para provar formalmente que era uma nova espécie", escreveu Johnson em nota, na época da publicação do estudo.
E ele estava certo, o que causou certo choque em grande parte dos australianos, que comiam há anos um peixe que não era nem ao menos conhecido formalmente pela ciência.
Finalmente identificado após muito esforço, o peixe da nova espécie foi batizado de Epinephelus fuscomarginatus.
Para que o animal fosse analisado, o cientista teve ajuda da então geneticista do Museu de Queensland, Jessica Worthington Wilmer. Ela foi responsável por realizar testes moleculares nos animais e por desenvolver comparações com outros peixes.
As análises genéticas foram realizadas com amostras do próprio museu, onde os dois trabalham, e atestaram que se tratava de uma nova espécie, o que Johnson já suspeitava desde o começo da história.
"O peixe atinge pelo menos 70 centímetros de comprimento e tem sido vendido nos mercados de peixes. Me disseram que eles são muito saborosos", acrescentou o biólogo no comunicado.
“O animal tem aparência simples, sem marcas reais distintivas, o que é típico da maioria das outras espécies de garoupa [filo do peixe] e provavelmente explica por que passou despercebido e sem nome por um longo tempo”, explicou.
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