Montadora americana abriu as portas no Brasil em 1919. De lá pra cá, companhia produziu carros icônicos e se tornou uma das mais vendidas no país
Fabio Previdelli Publicado em 12/01/2021, às 12h19 - Atualizado às 13h35
Foi em 1º de maio de 1919 que a Ford abriu as portas no Brasil na Rua Florêncio de Abreu, no centro de São Paulo. Agora, mais de 100 anos depois, a fabricante automobilística informou ontem, 11, que encerará suas atividades no Brasil, fazendo com que o mercado brasileiro seja atendido apenas por veículos importados.
A justificativa da empresa foi que as vendas no Brasil foram afetadas — ainda mais —com a pandemia do novo coronavírus. "A Ford está presente há mais de um século na América do Sul e no Brasil e sabemos que essas são ações muito difíceis, mas necessárias, para a criação de um negócio saudável e sustentável. Estamos mudando para um modelo de negócios ágil e enxuto ao encerrar a produção no Brasil, atendendo nossos consumidores com alguns dos produtos mais empolgantes do nosso portfólio global", explica Jim Farley, atual presidente e CEO da empresa.
Com a medida, fabricas de Taubaté (SP), responsáveis por motores e transmissões, e de Camaçari (BA), responsáveis pelo Ka e EcoSport, terão a produção interrompida de imediato. Além disso, a Planta Industrial localizada no Ceará, que cuida da elaboração do Troller T4, será encerrada no último trimestre do ano.
Pensando nisso, o site Aventuras na História decidiu investigar como se deu a abertura da empresa em solo brasileiro.
A história da montadora americana com o Brasil já vem de longa data. Em 1904, por exemplo, os primeiros carros da empresa começavam a ser importados pra cá. A decisão dessa relação comercial se deu através do grande Henry Ford, que fundou a companhia. Foi ele quem decidiu abrir uma subsidiária em solo brasileiro, segundo aponta matéria publicada pelo G1.
A partir daí, 15 anos depois, como já dito, a montadora abriu as portas no centro de São Paulo. Por lá eram produzidos o Ford T, popularmente conhecidos como os curiosos 'Ford Bigode'. Nessa época, as peças ainda eram trazidas de fora, mas todo o processo de montagem era realizado em solo tupiniquim.
Nos anos seguintes, em 1920 e 1921, a montadora acabou ganhando novo destino em dois endereços: o primeiro na Praça da República e logo depois para o bairro do Bom Retiro, na Rua Sólon.
Nesta última foi estruturada a primeira linha de montagem em série da empresa no país. A fábrica da Ford realizou produções por lá até meados da década de 1950.
Em 1953 foi a vez do Ipiranga receber a montadora. Foi no bairro da Zona Sul da capital paulista que a montadora teve um grande salto de produção, afinal, a partir de então, passaram-se a produzir 125 veículos por dia.
Além do mais, a unidade do Ipiranga abrigava um impressionante número de trabalhadores. Eram aproximadamente 2.500 funcionários, que trabalhavam em um espaço de 200 mil metros quadrados.
Quanto a novidade, foi ali que surgiu um modelo totalmente brasileiro: o caminhão F-600, criado em 1957.
Uma década depois, a Ford compra a extinta Willys-Overland do Brasil e assume sua fábrica em São Bernardo. Idealizada e construída pela própria Wilys-Overland, a sede no ABC paulista era uma das fábricas de veículos mais antigas do Brasil. Nela era produzida o Jeep Willys. A Ford fica com o controle do local por mais de cinco décadas.
Junto com a nova unidade, no ano seguinte, a montadora termina o desenvolvimento do Corcel, o primeiro Ford a ser produzido por lá. O modelo, inclusive, passou a ser um marco da montadora na categoria de carros médios. Contudo, foi em 1969, que o modelo ganhou duas novas versões: Cupê e GT, o que o torna recordista de vendas da marca.
O ano também marca crescimentos internos da Ford, que dá vida ao Centro de Pesquisas de São Bernardo do Campo. A produção da montadora também aumenta, diante dos turnos duplos de trabalho — a Ford passa a produzir 250 veículos por dia.
Além disso, outros lançamentos surgem, como a Belina, Maverick, Del Rey, Verona e Pampa, carros icônicos e marcantes que são todos montados no novo espaço.
Com investimento de 400 milhões de dólares, a companhia fez história ao abrir uma nova fábrica, em Taubaté, no ano de 1974. Quatro anos depois, Tatuí — que fica a mais de 150 quilômetros de São Paulo — recebe o Campo de Provas da Ford.
Em 1978, Ford e Volkswagen fecham uma parceria de sucesso e duradoura, que perdurou até 1995. Com a criação da holding Autolatina, as duas montadoras passam a compartilhar plataformas de carros produzidas no Brasil e na Argentina.
Com o fim da Autolatina, a Ford passa a investir em novos modelos. Assim, em 1996, o Fiesta passou a ser produzido, se tornando um dos veículos mais 'populares' da marca. No ano seguinte, deu vida ao Ford Ka, outro modelo adorado por muitos brasileiros.
Logo após a virada do século, em 2001, Camaçari (BA) recebe não só uma nova fábrica da Ford como a responsabilidade assumir a maior parte da produção de veículos de passeio da montadora, como o novo Fiesta e o EcoSport.
Paralelamente, a unidade de São Bernardo passa a produzir a linha de caminhões, que vieram da extinta unidade do Ipiranga. Em 2015, a planta comemorou 1 milhão de unidades produzidas.
Porém, dali em diante, a montadora passou a ser afetada pela crise global. Com isso, antes a quarta marca mais vendida do país, a Ford vivenciou uma drástica queda em suas vendas. A nível global, a companhia divulgou planos para cortas custos e diminuir seu portfólio, deixando de produzir sedãs como o Fusion e o Fiesta.
Em 2019, a montadora americana anunciou que fecharia a fábrica em São Bernardo do Campo. Além disso, tiraria de linha o Fiesta e pararia de vender caminhões na América do Sul. Em outubro do ano passado, foi concretizada a venda da unidade do ABC.
Apesar de pegar muitos de surpresa, o encerramento das atividades no Brasil já era algo que vinha se desenhando nos últimos anos. Agora, a companhia informou que “está definindo os planos de indenização e, nos casos em que se aplicar, ela será definida como parte do processo de negociação com os respectivos sindicatos".
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