De acordo com Manuel Contreras, um dos principais integrantes do governo do tirano, Pinochet desenvolveu um infame sistema que o deixou milionário
Isabela Barreiros Publicado em 29/01/2020, às 16h40
Entre os anos de 1973 e 1990, Augusto Pinochet instaurou uma ditadura no Chile, que ficou conhecida por suas atrocidades cometidas a milhares de pessoas. Durante esse período, além das execuções e torturas, o ditador também acumulou uma enorme fortuna, que, de acordo com Manuel Contreras, general reformado e um dos principais integrantes do governo do ditador, surgiu com o tráfico de drogas.
O tirano desenvolveu um grande esquema de tráfico de cocaína ao longo do seu tempo de governança no país. A droga ainda era processada pelo próprio governo chileno e seus subordinados — entenda-se “subordinados” por Exército.
A declaração do envolvimento do ditador com o tráfico foi publicada pelo jornal chileno La Nación em julho de 2006.
Nas dependências militares localizadas em Talagante, a 40 km da capital Santiago, soldados eram responsáveis por fabricar o “produto” junto ao químico Eugenio Berríos. O especialista fazia parte da Dina, a Direção de Inteligência Nacional, a mais temida polícia da ditadura Pinochet, cujo chefe era Contreras, o relator de tal crime.
Berríos foi assassinado nos anos 1990 de maneira suspeita. Ele foi levado clandestinamente ao Uruguai, onde deveria ser testemunha durante o processo do assassinato do diplomata chileno Orlando Letelier pela Dina, nos Estados Unidos em 1976.
O esquema de tráfico
Além de Pinochet, seu filho mais novo, Marco Antonio, e o empresário chileno de origem síria, Edgardo Bathich, também participavam do sistema desenvolvido pelo ex-líder político. Eles exportavam a droga para os Estados Unidos e também para a Europa.
O responsável pela distribuição da cocaína em ambas as regiões, segundo Contreras, era Monser Al Kassar, parente do empresário e também associado a atividades terroristas. Depois de vender as remessas, ele depositava a fortuna em contas diferentes de Pinochet, que possuía muitas contas no exterior, a fim de tentar manter tal operação no sigilo.
Além disso, o general reformado ainda alega que o tirano usava fundos do governo para financiar o infame sistema de narcotráfico.
Uma característica no mínimo curiosa da droga processada pelos chilenos era que ela era de uma espécie diferente do que normalmente se via na América Latina e no mundo. A cocaína “negra” ou “russa” se destacava por sua capacidade de não ser reconhecida por métodos tradicionais de apreensão, sendo imperceptível ao olfato.
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