Representante comercial de sua fábrica que importava leite, Otto Lagerfeld foi preso em campo de trabalho após a Alemanha declarar guerra contra a Rússia
Fabio Previdelli Publicado em 22/09/2024, às 10h00
Estilista e fotógrafo, Karl Lagerfeld começou sua carreira na moda na década de 1950. Após passar por diferentes marcas, se tornou diretor criativo da Chanel em 1983 — onde ficou até sua morte (aos 85 anos, em 2019).
O alemão se tornou um ícone e um dos personagens mais estudados da história da moda do século passado — tanto é que é citado nas biografias de Pierre Balmain e Yves Saint Laurent.
Em 2023, seu legado foi homenageado do Costume Institute do Museus Metropolitano de Nova York (o Met), através da exposição 'Karl Lagerfeld: A Line of Beauty'. Nesse ano, o alemão também teve sua história contada na série 'Beacoming Karl Lagerfeld', do Disney+.
+ As polêmicas de Karl Lagerfeld, homenageado do MET Gala
Apesar de sua trajetória marcante no mundo da moda, o que poucos sabem é que seu pai passou mais alguns anos numa prisão na Sibéria. Entenda!
A cidade de Verkhoyansk, na república russa de Sakha-Yakutia, é conhecida por ser um dos lugares mais frios do planeta terra — e também uma das menores comunidades dentro do país. Assim, o local se tornaria perfeito para abrigar um campo de trabalho para exilados; construído na década de 1860.
E, conforme recorda matéria do portal Russia Beyond, foi justamente lá que o pai de Karl Lagerfeld, o empresário alemão Otto Lagerfeld, cumpriu sua pena. Mas para entender essa história, precisamos voltar um pouquinho no tempo.
Em 1907, Otto tinha 26 anos e atuava como representante comercial de sua fábrica que importava leite evaporado, a Lagerfeld & Co. A companhia havia estreado em São Francisco e até mesmo abriu um escritório em Vladivostok.
No entanto, em 1º de agosto de 1914, a Alemanha declarou guerra contra a Rússia e Otto enviou um pedido às autoridades russas para deixar o país e voltar para os Estados Unidos, em uma viagem que passaria pelo Japão. Três dias depois do início do conflito, porém, ele acabou preso acusado de espionagem como ex-membro do exército alemão.
Em um período de um mês, Otto Lagerfeld passou pela Ilha Russky, foi transferido para a prisão regional de Vladivostok e depois enviado para Yakutia.
Nessa última parada, inclusive, ele até mesmo chegou a solicitar cidadania russa, mas seu pedido foi recusado. Como se não bastasse, Otto ainda foi realocado para servir por quatro anos em Verkhoyansk, recorda o Russia Beyond.
Quando a Primeira Guerra Mundial terminou, Otto Lagerfeld, enfim, recebeu autorização para partir para a Alemanha, onde retornou para sua cidade natal, Hamburgo, e retomou o andamento de sua fábrica.
Posteriormente, Otto expandiu sua própria produção em diversas cidades alemãs, incluindo Allenburg, na Prússia Oriental. Curiosamente, após a Segunda Guerra Mundial, a região foi cedida à União Soviética e Allenburg se tornou a vila de Druzhba na recém-renomeada Região de Kaliningrado. O próprio Karl Lagerfeld esteve na Rússia, mas apenas em Moscou e tratando de assuntos relacionados à moda.
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