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Egito Antigo

Como ler textos em hieróglifo? Entenda como funcionava a escrita dos antigos egípcios

A mais famosa língua antiga, os hieróglifos são formados por imagens e frases estruturadas

André Nogueira Publicado em 15/09/2019, às 08h00

Os hieróglifos são muito famosos. Nesta forma de escrita, as palavras são formadas por pequenas imagens que compõem uma grande sequência de ícones, formando frases e enunciados. 

Primeiramente, é importante destacar que são necessários anos de estudo e prática de leitura e tradução dos textos egípcios para ser uma pessoa versada nos hieróglifos, sendo que esse tipo de escrita é bastante complicada para ser 'traduzida'. Esse texto é somente uma introdução para que se tenha uma ideia básica do que são os hieróglifos e como eles funcionam.

Hieróglifo é um nome posterior dado pelos gregos a esse tipo de escrita. Significa “escrito dos deuses”, pois sua origem está diretamente associada ao Deus Toth, que forneceu a forma para que os homens eternizassem as histórias e os conhecimentos adquiridos. Esta forma era conhecida por uma pequena esfera da sociedade egípcia antiga, restrita a grupos ligados ao palácio e aos tempos, como sacerdotes, escribas e agentes funerários.

A primeira tradução dos hieróglifos só foi possível com a descoberta de um monumental artefato egípcio do fim do Império, a conhecida Pedra de Roseta. A pedra possui um texto escrito em hieróglifos, em demótico e em grego, possibilitando que o arqueólogo Jean-François Champollion decifrasse os grifos baseados na tradução grega e escrevesse o livro Relative a l'Alphabet des Hiéroglyphes Phonétiques, sobre o alfabeto fonético dos egípcios. Desde então, as traduções do hieróglifo se baseiam na esquematização de Champollion.

 Pedra de Roseta, no British Museum / Crédito: Wikimedia Commons

Não se sabe exatamente a forma de elocução das frases do hieróglifo à fala, pois os textos não marcam nem as vogais utilizadas nas palavras nem as tônicas. Isso faz com que o hieróglifo seja somente uma forma de marcação escrita.

Ao mesmo tempo, é necessário entender que não existe uma única gramática de hieroglifismo, pois esta forma de registro foi usada por milênios, passando por mudanças e diversas renovações. É normal que se divida em egípcio arcaico (Antigo Império), egípcio intermediário (Médio Império) e egípcio tardio (Novo Império), mas entre esses blocos há mudanças mais específicas que complicam a leitura. 

Partindo dessa introdução, é cabal para se entender esse sistema de escrita que existem três tipos principais de hieróglifo na escrita egípcia.

1. Ideogramas

São imagens traduzidas como aquilo que ela mesma representa. Ou seja, glifo é mimeticamente ilustrador daquilo que ele traduz. Por exemplo, se um desenho de um pássaro é um ideograma, ele representa o animal que aparece no desenho.

2. Glifos fonéticos

Neste caso, são imagens que representam fonemas da fala. Normalmente, esses fonogramas marcam as sílabas das palavras, a não ser que sejam unicamente compostas por vogais, que possuem hieróglifos específicos para essa função.

3. Determinativos

Imagens que não se traduzem em fala, estando presentes no texto escrito. São marcadores que, literalmente, determinam o gênero da palavra que acompanha (por exemplo, um nome carrega o determinativo de “nome”, um rio específico carrega o determinativo de “rio”).

Exemplos de fonemas básicos do egípcio antigo / Crédito: Reprodução

A escrita egípcia era baseada no registro das sílabas. Ou seja, os hieróglifos não são exatamente um alfabeto, pois essa estrutura de escrita é uma invenção dos ugaríticos, que passarão, por exemplo, para os gregos posteriormente. Diferentemente, cada hieróglifo não representa uma letra, mas uma sílaba fonética que tem como base a fala direta.

Outra dificuldade da leitura dos hieróglifos está na disposição das palavras. Em primeiro lugar, não há um padrão da ordem da linha, então as frases podem estar escritas de cima para baixo, da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda.

Em geral, os especialistas indicam que o começo das frases está na direção do olhar dos desenhos. Como muitos glifos são desenhos de animais, essa dica é bem possível de ser percebida.

Ao mesmo tempo, não há uma delimitação visível de quando acaba uma palavra e começa a outra, sendo que as palavras são compostas normalmente por mais de um desenho.

Normalmente, a marca do fim da palavra está no determinativo, mas essa percepção depende muito do olho do leitor e exige certo costume de leitura para ser percebida. Ou seja, mais do que dicas para saber a separação das palavras em um texto, é necessário se acostumar com a confusão das imagens.

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