Pela grande maioria da História, não havia grandes instituições para atendimentos emergenciais. A solução era rezar?
Maurício Barros de Castro Publicado em 11/02/2019, às 08h00
Desde as origens, o ser humano considera que a cura das doenças tem forte apelo religioso. Foi assim nas maiores civilizações da Antiguidade, e hoje a própria ciência discute o quanto a fé é terapêutica. Não chega a ser surpreendente que os hospitais controlados por médicos leigos sejam uma invenção recente.
Entre os povos antigos, toda doença era sintoma de um problema espiritual. Procurar socorro nos templos equivalia a buscar uma solução divina. Por isso, os primeiros a se dedicarem à arte da cura foram os sacerdotes. A procura era tão grande que, na Ásia, os mosteiros budistas ficavam lotados. Para diferenciar as tarefas medicinais das demais, por volta de 500 a.C. Sidartha Gautama mandou construir instalações à parte, ao lado dos mosteiros budistas - surgia assim uma primeira versão dos hospitais. Além disso, ele nomeou médicos para atender a população in loco. Cada um respondia por dez cidades.
A invenção de Buda não virou moda. Tempos depois, no século 4 a.C., o grego Hipócrates observou que o ser humano possui um organismo biológico, que deve ser desvendado para que as doenças sejam tratadas.
O nome "hospital" vem do latim hospitalis. Significa lugar de hospitalidade e de abrigo a viajantes, estrangeiros e, principalmente, enfermos. Os primeiros hospitais do Ocidente surgiram na Roma antiga, mas foi muito gradativamente que os médicos tomaram o lugar dos sacerdotes na administração desses espaços. A partir do Renascimento, deixaram de ser monopólio da Igreja e começaram a ser administrados pelas autoridades municipais.
Embora não tenham perdido totalmente o vínculo com a fé, já que muitos ainda pertencem a ordens religiosas, os hospitais se transformaram no lugar do saber do médico. Os doentes podem até rezar pela cura, mas são os homens de branco que assumem essa tarefa.
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