O violento acidente surpreendeu o povo estadunidense, que aguardava a volta da atriz após uma jornada de patriotismo
Wallacy Ferrari Publicado em 16/05/2020, às 09h00 - Atualizado às 11h00
Nascida Jane Alice Peters, a loira de Indiana já manifestava levar jeito para as telonas desde a infância. De acordo com seu biógrafo, Wes Gehring, nem mesmo a separação dos pais e os problemas escolares com excessos de brincadeiras foi capaz de parar a “moleca de espírito livre”. Além de competir no vôlei, natação, atletismo e tênis durante o tempo de colégio, a hiperatividade da garota atraiu os olhares do diretor Allan Dwan, aos 12 anos, que a convidou para seu primeiro papel.
Foi o início de uma carreira com atuações consagradas. Para facilitar sua inserção no meio cinematográfico, assumiu o nome artístico de Carole Lombard, em homenagem a uma amiga do ensino médio. Aos 16 anos, assinou um contrato com a Fox Film e, no ano seguinte, conseguiu elogios da crítica especializada com sua atuação em “Marriage in Transit”, porém, teve dificuldades em renovar seu contrato após um acidente.
Aos 17 anos, Lombard aproveitava o estilo ‘flapper’ hollywoodiano, sendo frequentadora assídua de boates e clubes na Califórnia, quando sofreu um acidente automotivo. Em decorrência do episódio, a jovem teve uma grande cicatriz em sua bochecha. Temendo perder seu contrato, Carole fez uma cirurgia plástica para esconder a marca, além de aprender ocultar o desnível com maquiagem.
Sucesso nacional
Entre as décadas de 1920 e 1930, a loira se tornou uma referência do cinema americano com os sucessos comerciais de comédias e romances estrelados pela atriz. Disputada entre a Fox, Paramount e MGM, Carole estrelou 56 longas-metragens além de 18 curtas comerciais. Seu auge veio em 1936, com o filme My Man Godfrey, uma comédia que protagonizou junto ao ex-marido, William Powell, com quem divorciou amigavelmente.
O exemplo de profissionalismo e talento na obra não apenas rendeu seis indicações do filme ao Oscar — incluindo Carole como melhor atriz — mas também possibilitou a proposta mais alta já vista em um contrato feminino em Hollywood. Em 1937, a Paramount aceitou pagar US$ 450 mil para ter a loira.
Com os valores amplamente divulgados pela mídia, alguns órgãos da imprensa fizeram a comparação com o salário do presidente americano, afirmando que a mesma ganhava cinco vezes mais. A atriz brincou com a situação e afirmou que, apesar de 80% ser imposto, ficava feliz em ajudar o país. O comentário lhe rendeu uma carta de agradecimento do presidente Franklin Roosevelt.
Dias finais
Aproveitando o sucesso ascendente, Carole fez questão de apoiar o país na entrada da Segunda Guerra Mundial, em 1941, sendo um símbolo de patriotismo. Buscando utilizar sua imagem para ajudar o governo e as tropas americanas, a atriz viajou em cidades estadunidenses realizando comícios para obter fundos em títulos de defesa.
Em janeiro de 1942, Lombard organizou uma grande festa em seu estado natal, em Indiana, realizando eventos e interagindo com a população para a arrecadação. Com o auxílio de sua mãe, Bess, e com o agente de imprensa de seu marido, Otto Winkler, a artista conseguiu levantar mais de US$ 2 milhões em uma única noite.
Para entregar o dinheiro para as tropas americanas, uma festa estava sendo preparada em Los Angeles para receber a atriz. Sua mãe e o agente estavam com receio de viajar de avião e sugeriram a volta por uma ferrovia. Lombard então propôs uma aposta; se a moeda caísse no lado escolhido por eles, a viagem seria feita por trem, mas se caísse do lado escolhido por ela, a volta seria em um avião. A segunda opção foi a vencedora.
A tragédia de Carole
Na manhã de 16 de janeiro de 1942, o trio embarcou em uma aeronave da Transcontinental & Western Air em direção a Califórnia. Após uma parada para reabastecer em Las Vegas por volta das 19h, o avião colidiu com a montanha Potosi, a de 2,530m de altura, matando instantaneamente todos os tripulantes, incluindo o trio e 15 soldados do exército americano.
A Força Aérea americana desativou os sinalizadores de segurança usados para auxiliar na direção de voos noturnos como precaução contra bombardeios japoneses no espaço aéreo americano. A causa do acidente foi determinada como uma incapacidade do piloto, em decorrência a sua desorientação, aliada com as condições de comando.
Seu marido, Clark Gable, reivindicou os corpos da sogra, da esposa e do agente pessoal e realizou um funeral privado. O dinheiro obtido foi resgatado e auxiliou o governo em ações durante a Segunda Guerra. Seu companheiro foi enterrado ao seu lado quando faleceu, em 1960. Seu legado lhe rendeu a 23ª posição entre as maiores estrelas femininas de Hollywood pelo Instituto Americano de Cinema, em 1999.
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