Brière, que foi preso há um ano, corre risco de ser condenado à morte
Giovanna Gomes, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 02/06/2021, às 13h34 - Atualizado às 13h35
Em maio de 2020, o turista francês Benjamin Brière estava em meio a uma viagem pelo Irã quando foi apreendido pelas autoridades locais, acusado de espionagem e "propaganda contra o regime". Desde então, segue detido no país. É possível, no entanto, que o turista tenha sido transformado em um instrumento de negociação entre países, como defende a irmã do prisioneiro.
De acordo com uma matéria do UOL publicada no último dia 31, após um ano de investigações, o homem será finalmente julgado pelo tribunal revolucionário do país.
Ainda não se sabe a data exata do julgamento, nem há muitas informações sobre as acusações. No entanto, segundo a mídia iraniana, Brière é acusado de ter tirado fotos e vídeos de zonas militares.
O turista viajava em uma van nas proximidades de Mashhad, cidade localizada no nordeste do país, quando foi surpreendido pelas autoridades regionais. Como há na região uma série de bases militares, o homem tornou-se suspeito de espionagem.
O advogado de Brière no Irã, Saeid Dehghan, declarou que seu cliente ainda foi acusado de outros dois crimes graves. O primeiro, consumo de álcool, é passível de punição por açoite. Já o segundo, chamado de "corrupção na Terra", é considerado um dos mais graves do código penal iraniano e pode levar à pena de morte.
Outra acusação é a de que o turista teria questionado o uso obrigatório do véu islâmico em publicações nas redes sociais.
O UOL ressalta que o anúncio do julgamento do prisioneiro ocorre ao mesmo tempo em que o Irã mantém detida a pesquisadora franco-iraniana Fariba Adelkhah. Ela foi condenada em 2020 a seis anos de prisão após ter sido acusada de agir contra a segurança nacional e de realizar propaganda contra o regime.
Assim como ela, muitas outras pessoas de dupla cidadania e estrangeiras foram presas nos últimos anos, uma vez que a política de troca de prisioneiros estrangeiros com países como a França, a Austrália e os Estados Unidos tem sido uma estratégia adotada pelas autoridades iranianas.
A irmã de Brière chegou a publicar uma carta aberta por meio da imprensa francesa dias antes do julgamento ser anunciado. No texto, ela pede que o presidente Emmanuel Macron, busque formas de libertar o turista. A mulher afirma que a detenção é totalmente "sem fundamento" e que seu irmão teria sido transformado em um "instrumento de negociação ".
"Não há dúvidas que a questão é outra, e isso foge totalmente do nosso controle. Ele caiu em uma armadilha. Benjamin não é um espião, é um cidadão francês comum, um turista que acabou no meio de um caso surreal", disse Blandine Brière.
Segundo declarou o advogado do turista na França, Philippe Valent, no último dia 31, "até o momento", nem o presidente, nem o mesmo o Ministério das Relações Exteriores da França, responderam, "deixando a família de Benjamin ainda mais preocupada e indefesa" diante dessa "detenção arbitrária".
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