A apreensão de uma ameaça sob as águas logo se tornou um embaraçoso episódio
André Nogueira/ Atualizado por Fabio Previdelli Publicado em 15/01/2021, às 14h00 - Atualizado em 08/10/2021, às 00h00
Quando submarinos alemães explodiram dois navios brasileiros que carregavam café do Porto de Santos, em abril de 1917, o ato funcionou como declaração de guerra da Tríplice Aliança ao Brasil, que entrou na Primeira Guerra ao lado dos EUA.
Sem grande tradição de guerras intercontinentais, a Marinha brasileira foi convocada para lutar junto à Entente no Mediterrâneo.
O Brasil manda, então, uma frota de navios ao outro lado do Atlântico como suporte a seus aliados. Circundando Dacar, em novembro do ano seguinte, o almirante Fernando Frontin, no comando do cruzador Bahia, recebe ordens de navegar a norte e adentrar à orla do Mediterrâneo, em direção ao coração da guerra.
Mas é alertado pelos britânicos para ficar atento, pois os submarinos alemães já haviam afundado o encouraçado HMS Britannia (do Reino Unido) que havia sido designado para acompanhar a flotilha brasileira nessa viagem.
Partindo para Norte, os brasileiros adentram o mediterrâneo atravessando o estreito de Gibraltar quando percebem uma movimentação estranha nos arredores do navio e o aparecimento de algo na superfície da água, confundido com o periscópio de um submarino inimigo.
Como não havia tecnologia, à época, para identificar quem gerava aquela movimentação, Frontin, no comando da operação e sido alertado da presença dos alemães, ordena que sua frota abra fogo contra as entidades.
A cena logo é substituída pelo silêncio constrangedor que assistia ao sangue que subia e se dissolvia na água salgada do mar: os canhões do Bahia atingiram um cardume de toninhas, mamífero marinho parecido com o golfinho e que circundava inocentemente os barcos que passavam na região; como o fazem até hoje. Ao todo, 46 delas foram mortas.
O cruzador Bahia seguiu inteiro durante a Guerra e só afundou em 1945, em um acidente com a munição interna.
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