É fato que a letra foi vetada em 1978 pela censura do país; mas será que a canção realmente foi gravada pelo Síndico?
Isabela Barreiros Publicado em 26/04/2020, às 08h00
Comuns na vida de Tim Maia, são inúmeras as pérolas que ainda rondam sua intensa trajetória. Durante os anos 80, o mistério de uma letra, possivelmente sem melodia, censurada pelo regime militar que governava o país na época, intrigava os brasileiros. Teria o cantor carioca gravado essa canção?
A história da possível música perdida do artista, que teria sido feita a partir da letra que leva o nome de Anistia (Uma questão de Amor) é cercada de suposições. Muitos passaram a acreditar que aquela música existia e fora gravada.
Indo aos fatos: a letra escrita por Tim realmente existe. Ela foi revelada apenas recentemente, quando inúmeros documentos do Serviço de Censura de Diversões Públicas daquele período foram divulgados ao público.
O que consta no Arquivo Nacional é que ela foi vetada pela censura dos anos 1970. No entanto, isso não basta para acabar com a lenda que a cerca. A poesia escrita pelo artista continua sem uma melodia, até os dias de hoje.
Não há provas de que a canção tenha sido realmente gravada, e que uma melodia para a letra tenha sido composta pelo carioca. Além disso, é preciso reconhecer que os versos de Anistia (Uma questão de Amor) não são nada parecidos com o que ele costumava escrever. Geralmente, Tim era mais informal e sucinto, características que não são observadas na escritura da poesia em questão.
O cantor teria escrito a letra inspirado por um texto da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), uma organização que se comprometeu com a campanha pela Anistia, que começou em 1975 e foi consumada em 28 de agosto de 1979, quando então presidente João Figueiredo sancionou a lei.
Como é possível perceber, o decreto que permitiu que artistas, políticos e figuras públicas retornassem ao país e tivessem seus direitos políticos restituídos foi promulgado apenas um ano depois do veto de Anistia (Uma questão de Amor). Mesmo depois disso, Tim não lançou a música, que ficou esquecida — ou, o que é mais provável, realmente nunca foi gravada.
Uma das hipóteses sobre porque o artista teria escrito essa letra remonta ao contexto em que ele estava sendo pressionado para apresentar à gravadora WEA o repertório do álbum Tim Maia Disco Club (1978). A fim de burlar essa cobrança, vinda principalmente do executivo André Midani, ele adotou a estratégia, escrevendo uma letra sem melodia.
Se a música existiu ou não, o que se sabe é que o disco foi um sucesso, ainda sem ela. Álbum de estreia de Tim na gravadora, pelo selo Atlantic, o Tim Maia Disco Club combinou funk e disco music e se tornou um dos melhores lançamentos do artista. Com ele, o Síndico foi colocado de volta nas paradas nacionais com canções que se tornaram sua marca, como Sossego e Acenda o farol.
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