Revelada por Ricardo Feltrin, a troca de e-mails entre diretores da emissora destacava plano de facção para derrubar o Globocop
Wallacy Ferrari Publicado em 22/12/2022, às 16h49 - Atualizado às 16h49
No ano de 2011, um episódio interno mobilizou a direção da Rede Globo de Televisão para traçar um plano de segurança em seu núcleo de jornalismo em São Paulo. Na época, a programação local da emissora de sede carioca já contava com três edições de seu telejornal local.
Obtendo bons índices de audiência localmente, o Bom Dia São Paulo abria a programação matutina, além de duas edições do SPTV, posteriormente rebatizado de SP1 e SP2 ao serem distribuídos no início e fim da tarde, respectivamente.
Especificamente no final de junho daquele ano, no entanto, uma ligação anotada por uma estagiária seria capaz de causar pânico e fazer com que o canal trabalhasse, de forma conjunta, com sua matriz no Rio de Janeiro e com órgãos de segurança do governo paulista, como revelou o jornalista Ricardo Feltrin.
O tal telefonema partia de um telefone público, registrado detalhadamente pela estagiária em e-mail direcionado ao repórter César Galvão, responsável pela cobertura de segurança pública, chamando atenção por realizar reportagens em voo desde 1999, no quimérico Globocop, o helicóptero da filial paulista.
Diferente de outros trotes que a emissora recebia, a ligação detalhava que o interlocutor tinha "documentos que comprovam que o crime organizado planeja um atentado contra o COP", referindo-se a aeronave usada diariamente nas coberturas.
Acrescentava ter o contato de um homem envolvido com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e ainda indicou um número para retorno e um endereço para encontro. Iniciava assim uma intensa troca de e-mails para averiguar a veracidade dos fatos.
Já no dia seguinte, quando o repórter teve acesso à anotação da funcionária, passou para a direção de jornalista, iniciando um contato que chega até o próprio diretor Ali Kamel, que assina os créditos finais de cada uma dos programas informativos da casa.
Inicia-se assim uma operação, por ele conduzida, para que medidas de segurança fossem tomadas sem causar medo aos funcionários na redação, mas sem deslocar repórteres, operadores de câmera e pilotos para o helicóptero. Ficou acordado, por e-mail, que seria informada apenas uma manutenção, sem destacar o verdadeiro motivo.
Enquanto isso, o então diretor de Patrimônio da emissora, Tom Flórido, é questionado por um membro do comitê de crise se seria possível blindar o veículo aéreo: “Seria possível proteger o assoalho do COP ou mesmo os assentos com nossos coletes à prova de bala? Já fizemos isso no Rio”, redige no e-mail.
Conforme apurado pelo portal Ooops, de Feltrin, a Secretaria de Estado de Segurança Pública foi consultada e confirmou que o PCC tinha um plano em andamento para retaliar a Globo, contudo, ainda em fase de planejamento.
Um detalhe foi destacado; diferente das organizações criminosas do Rio de Janeiro, o governo não tinha conhecimento se o PCC tinha armamento de calibre para derrubar um helicóptero. Tal ação só seria possível se a aeronave viajasse em baixa altitude, orientando o Globocop a circular em regiões centrais e sempre voando alto.
A polícia também ligou os pontos; a retaliação seria uma demonstração de poder do grupo ao iniciar uma série de contra-ataques após uma operação da polícia paulista que ocorria naquele mês, detendo diversos membros da facção e, inclusive, contando com a cobertura da emissora.
+Relembre o episódio onde o PCC sequestrou um reporter da Globo clicando aqui;
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