O poeta brasileiro faleceu inesperadamente aos 20 anos de idade e acreditava que uma maldição o cercava
Penélope Coelho Publicado em 20/05/2020, às 17h00
A genialidade de muitos artistas e escritores muitas vezes só é exposta para o mundo para reconhecimento após sua morte. Esse é infelizmente, o caso do poeta da segunda geração do romantismo, Álvares de Azevedo.
O exagero foi um dos marcos em seus textos, reconhecidos como referência para a fase nomeada de ultrarromantismo, que retratou temas melancólicos como o pessimismo e a inadequação à realidade.
Demonstrando o dom das palavras, Azevedo gostava muito de escrever. Suas obras carregam sua importância para o movimento do romantismo no país, são elas: Lira dos Vinte Anos; Poesias Diversas; O Poema do Frade; Macário e Noite na Taverna, além de diversos outros contos e cartas que o autor deixou. Porém, o escritor não teve a chance de vivenciar o sucesso.
Manuel Antônio Álvares de Azevedo, nasceu em São Paulo, em 1831 e viveu a infância entre sua cidade natal e o Rio de Janeiro. Segundo biografias, desde muito novo o menino já sabia ler e escrever perfeitamente. Além de dominar a língua portuguesa, também sabia francês, inglês e latim.
Ainda jovem, gostava de traduzir poemas de Shakespeare e Lord Byron, mostrando-se sempre um excelente aluno. Na faculdade, Álvares de Azevedo conviveu com outros escritores como José de Alencar e Bernardo Guimarães, nesse período suas produções textuais cresceram ainda mais.
Textos melancólicos
Aos 16 anos, Álvares de Azevedo se matriculou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, logo, o estudante brilhante se destacou por sua facilidade com idiomas, além de manter uma personalidade sempre sentimental.
O sentimentalismo que Azevedo deixava transparecer, também foi na maioria das vezes, o tema de seus textos. Desde criança, o menino teve que conviver com a morte. Aos quatro anos, ele perdeu seu irmão mais novo, ainda bebê, o que lhe deixou marcas eternas.
Seus poemas ficaram conhecidos como o Mal do Século, Álvares possuía certa obsessão pela morte e não tinha medo de revelar seus sentimentos em seus textos. O garoto parecia prever que a sua ida também seria repentina. Para muitos estudiosos da literatura, a temática do escritor era muitas vezes voltada para morte, como uma forma de refúgio da relação angustiante que ele mantinha com o mundo.
Maldição ou coincidência?
Parece que a certeza de que sua morte estava prestes a acontecer, ficou ainda mais forte depois da perda de alguns colegas estudantes de direito. No ano de 1850, Álvares de Azevedo perdeu o amigo Feliciano Coelho, que cometeu suicídio, após um amor não correspondido. Coelho estava no quinto ano da faculdade de direito.
Em setembro de 1851, mais uma morte: dessa vez seu amigo João Batista da Silva Pereira Junior, outro estudante do quinto ano de direito.
Essas perdas seguidas fizeram Álvares de Azevedo acreditar que existia uma maldição que recaía sobre alunos de direito do quinto ano, na faculdade do Largo de São Francisco, o autor tinha certeza de que seria o próximo. E ele estava certo.
Na pensão onde morava, enquanto cursava o quarto ano de seu curso, o poeta escrevera na parede: “1850 — Feliciano Coelho Duarte; 1851 — João Batista da Silva Pereira; 1852 —…”. O estudante chegou até a discursar no enterro dos companheiros de formação.
No ano de 1852, durante as férias no quinto ano da faculdade, Manuel acabou adoecendo e desenvolveu um quadro de tuberculose. Por recomendações médicas, o poeta andava a cavalo. Em uma dessas vezes, o homem caiu, devido a queda desenvolveu um tumor em sua artéria ilíaca.
No dia 25 de abril de 1852, às 17 horas, o jovem autor faleceu aos 20 anos, após uma tentativa falha de cirurgia sem anestesia — que rendeu ao rapaz uma infecção. A causa da morte, porém, ainda é controversa e gera diferentes hipóteses.
O corpo de Álvares de Azevedo foi enterrado no dia seguinte, em um cemitério na praia vermelha, localizada na zona sul do Rio de Janeiro, porém, o local mais tarde foi destruído pelo mar carioca.
Segundo biógrafos, foi o cachorro de Manuel quem encontrou os restos mortais de seu dono, que atualmente está sepultado no Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro, no mausoléu da família.
Mesmo sendo reconhecido como um dos grandes escritores brasileiros somente após a sua partida, o legado de Álvares de Azevedo é eterno. Suas obras foram e são lidas até hoje, além de serem usadas como referência do ultrarromantismo. Mesmo partindo tão cedo, o escritor é o patrono da cadeira de número 2 da Academia Brasileira de Letras.
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