Fernanda Torres interpreta Eunice Paiva em 'Ainda Estou Aqui' - Divulgação
Eunice Paiva

Ainda Estou Aqui: O que aconteceu com Eunice Paiva?

Conheça a trajetória de Eunice Paiva, interpretada pela atriz Fernanda Torres no filme que pode levar o Brasil ao Oscar 'Ainda Estou Aqui'

Giovanna Gomes Publicado em 09/11/2024, às 11h00

O filme 'Ainda Estou Aqui', dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, estreou nesta quinta-feira, 7, nos cinemas após uma passagem triunfante por festivais nacionais e internacionais. Com um sucesso estrondoso no Festival de Veneza, a produção já impulsionou uma campanha para que Fernanda Torres seja indicada ao Oscar.

No longa, as duas atrizes interpretam diferentes fases de Eunice Paiva, mãe do escritor Marcelo Rubens Paiva, cuja obra homônima serviu de base para o roteiro.

+ Ainda Estou Aqui: 5 coisas para saber antes de assistir ao filme

Quem foi Eunice?

Eunice Paiva, interpretada pelas duas atrizes, é um símbolo da luta contra a ditadura militar no Brasil. Nascida em São Paulo, em 1929, Maria Lucrécia Eunice Facciolla Paiva destacou-se desde cedo como uma estudante brilhante e amante da literatura, tendo passado em primeiro lugar para o curso de Letras na Universidade Mackenzie, conforme informações do Estadão.

Eunice Paiva / Crédito: Divulgação

 

Em 1952, casou-se com Rubens Paiva, com quem teve cinco filhos. A vida da família, no entanto, mudaria drasticamente após o golpe militar de 1964, que resultou na cassação dos direitos políticos de Rubens, então deputado federal.

Anos mais tarde, em 1971, Rubens Paiva foi levado de casa por agentes da repressão, de modo que nunca mais foi visto. Eunice, que foi presa por 12 dias, iniciou então uma incansável busca pela verdade sobre o desaparecimento do marido. Cartas enviadas ao presidente Emílio Garrastazu Médici e outras autoridades não resultaram em respostas concretas, com o regime oferecendo versões contraditórias sobre o paradeiro de Rubens.

Ativismo

Ao lado de figuras como Zuzu Angel e Inês Etienne Romeu, Eunice tornou-se uma das principais vozes contra o silêncio do regime, culminando na promulgação da Lei 9.140/95, que reconheceu como mortas as pessoas desaparecidas por razões políticas durante a ditadura.

Em 1996, após 25 anos de luta, Eunice finalmente conseguiu que o Estado brasileiro emitisse o atestado de óbito de Rubens Paiva. Décadas depois, em 2012, uma ficha comprovando sua entrada no DOI-Codi forneceria a primeira prova documental de seu assassinato.

Rubens Paiva, marido de Eunice / Crédito: Divulgação/Secretaria de Estado da Cultura

 

A história de Eunice também é marcada por sua batalha contra o Alzheimer, que a acometeu por 14 anos até sua morte em 2018, aos 86 anos de idade.

Livro

Marcelo Rubens Paiva compartilhou essa trajetória em 'Ainda Estou Aqui', um livro que narra tanto a luta de sua mãe contra o regime militar quanto sua experiência com a doença degenerativa. Walter Salles levou sete anos para adaptar a obra, resultado de um trabalho minucioso.

Durante os anos que passamos criando 'Ainda Estou Aqui', a vida no Brasil se aproximou perigosamente à distopia dos anos 1970 — o que só tornou esta história ainda mais urgente", declarou o diretor durante o Festival de Veneza.
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