Arqueólogo e egiptólogo, Hawass foi ministro das Antiguidades do Egito e dirigiu diversas escavações no país
Redação Publicado em 18/08/2019, às 09h00
Zahi Hawass ganhou fama no Ocidente por sua figura bonachona sob o chapéu fedora, ao estilo Indiana Jones, em documentários do Discovery e do History Channel.
Por essa época, era ministro das Antiguidades do Egito, só que perdeu o cargo durante a Primavera Árabe. Mas não desanimou. Hoje continua na ativa como arqueólogo, e também se tornou uma espécie de embaixador informal da egiptologia.
Em sua visita ao Brasil, em dezembro passado, a AH conversou com ele sobre a satisfação de ser arqueólogo e como é a situação de um nativo numa profissão historicamente dominada por estrangeiros.
AH - Qual foi o momento mais importante da sua carreira?
A descoberta das tumbas dos construtores das pirâmides, porque achei isso numa época em que todo mundo estava dizendo que eram alienígenas ou pessoas de Atlântida que as construíram. Essa revelação veio com um timing perfeito para provar que foram os egípcios que construíram suas próprias pirâmides.
Como a egiptologia mudou desde o começo do seu trabalho nesse campo?
A única coisa que mudou foi o uso de tecnologia em arqueologia, como tomografia eletromagnética e DNA. Eu usei isso para revelar os segredos das múmias. Encontrei a de Hatsheput e a família de Tutancâmon.
Também usamos escaneamento a laser para gravar a esfinge, os templos de Luxor e a tumba de Tutancâmon. Computadores ainda são importantes para gravar bancos de dados de artefatos em museus. Por fim, programas de manutenção de sítios arqueológicos foram implementados em diferentes locais do Egito para protegê-los.
O Egito passou por problemas políticos sérios na última década. Como está
a situação?
Agora temos um ótimo sistema. O maior problema aconteceu durante a revolução em 2011. A situação hoje está estável e sob controle, com uma proteção importantíssima para os sítios e publicações arqueológicas.
Islamistas salafistas causam vandalismo em antiguidades como Palmira e Timbuktu. Existe esse tipo de ameaça no Egito?
Não. O que aconteceu na Síria é terrorismo e não tem nada a ver com a fé islâmica.
Você acredita que todas as relíquias egípcias devem ser devolvidas ao Egito?
Nem tudo. Mas, se for roubada, deve ser devolvida. E defendo o retorno de artefatos únicos, como Nefertiti, a Pedra de Rosetta e o Zodíaco, que está em Paris. Estou sempre atrás disso: qualquer relíquia roubada ou única.
Dr. Zahi Hawass é arqueólogo e egiptólogo, com PhD pela Universidade da Pensilvânia (EUA). Em 2011, foi ministro das Antiguidades do Egito, no governo Mubarak, e dirigiu diversas escavações no país. É autor de livros e artigos acadêmicos sobre o tema. Aos 72 anos, ainda atua como arqueólogo e consultor.
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