Teoria polêmica baseada em manuscrito encontrado na Biblioteca Britânica afirma que Jesus teria se casado com Maria Madalena e tido dois filhos com ela
Giovanna Gomes Publicado em 09/11/2024, às 10h00
Há dez anos, os canadenses Simcha Jacobovici e Barrie Wilson lançaram The Lost Gospel, uma obra polêmica que defende a teoria de que Jesus teria se casado com Maria Madalena e tido dois filhos com ela. O livro baseia-se em um manuscrito de 1.500 anos, escrito em siríaco, encontrado na Biblioteca Britânica.
Traduzido pelos autores, o texto propõe que, durante os anos não relatados na Bíblia, Jesus teria se casado e formado uma família.
"O que o Vaticano temia — e Dan Brown apenas suspeitava — se tornou real", afirmam os autores, de acordo com o portal UOL, fazendo referência ao best-seller O Código da Vinci. Segundo eles, o manuscrito chamado A História Eclesiástica de Zacharias Rhetor traz evidências desse suposto casamento.
"Agora existe evidência escrita de que Jesus foi casado com Maria Madalena e que eles tiveram filhos juntos. (...) De acordo com o documento que descobrimos, em algum momento nesse período (dos 12 aos 30 anos, não relatados na Bíblia), ele ficou noivo, casou-se, teve relações sexuais e produziu crianças. Antes que alguém venha com retórica teológica, mantenha em mente que nós não estamos atacando a religião de alguém. Apenas relatando o que está escrito", diz trecho do livro.
O documento foi adquirido em 1847 de um monastério egípcio, mas estudiosos renomados, como os da Universidade de Oxford, consideram o texto historicamente irrelevante.
Jonathan Wright, da Universidade de Oxford, explica que a história tem origem no livro apócrifo Joseph e Asenath, uma narrativa que adapta a passagem de Gênesis 41:45. Nesse relato, Asenath, uma pagã, converte-se ao monoteísmo para se casar com Joseph. Segundo Wright, no início do cristianismo, figuras do Antigo Testamento, como Joseph, eram vistas como prefigurações de Jesus — mas isso não justifica a associação direta feita em The Lost Gospel.
Outros estudiosos, como Mark Goodacre, da Universidade Duke, também questionam as conclusões do livro, considerando-as infundadas. "Eu não acho que essas afirmações têm qualquer credibilidade, não há evidência nesse texto nem em qualquer outro lugar que Jesus foi casado com Maria Madalena, muito menos que eles tiveram filhos", afirma.
A teoria de Jacobovici não é a primeira a sugerir que Jesus teve uma vida conjugal. Em 2012, foi descoberto um fragmento de papiro conhecido como Evangelho da Esposa de Jesus, contendo a frase "Jesus disse a eles, 'minha esposa'". No entanto, especialistas apontam que o documento foi escrito séculos após a morte de Cristo, enfraquecendo sua credibilidade histórica.
Jacobovici já esteve envolvido em outras controvérsias. Em 2007, lançou o documentário O Túmulo Perdido de Jesus, dirigido por James Cameron. A produção alegava ter identificado a ossada de Jesus e de sua suposta família, incluindo "Judá, filho de Jesus". A tese foi duramente criticada por arqueólogos e acadêmicos, que a consideraram altamente especulativa.
Pouquíssimos pesquisadores e arqueólogos, praticamente nenhum, concorda com essa interpretação. A inscrição é verdadeira, mas não resolve a questão da identidade", disse Craig Evans, estudioso reconhecido do Novo Testamento, em declaração ao Huffington Post.
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