O primeiro arranha-céu de São Paulo possui uma história cheia de reviravoltas, e, em breve, terá seu terraço reformado para visitação
Redação Publicado em 24/07/2023, às 16h46 - Atualizado às 16h47
Localizado no número 405 da Rua São Bento, no centro histórico da cidade de São Paulo, o Edifício Martinelli foi nada menos que o primeiro arranha-céu paulistano. Antes dele, acredite se quiser, a maioria dos prédios da região tinha no máximo cinco andares. Assim, do topo de seus 28 pisos, o Martinelli possuía uma imponência sem igual contra o céu daquela São Paulo muito diferente da atual.
O edifício foi idealizado por um imigrante italiano, o conde Giuseppe Martinelli, que acumulou uma fortuna respeitável ao longo de sua vida em solo brasileiro. O prédio teve sua construção iniciada ainda em 1924, porém apenas ficou pronto em 1935.
Uma curiosidade aqui é que, segundo informado site oficial do prédio, ele, na verdade, começou a funcionar antes de ser finalizado. Durante sua inauguração em 1929, o Martinelli tinha ainda 12 andares.
De acordo com a Casa Vogue, as obras encomendadas por Giuseppe Martinelli eram vistas com desconfiança pela população da época, que pensava que a construção cairia a qualquer momento.
Para provar a segurança, o próprio conde se mudou para o arranha-céu, se assentando no topo do edifício, onde foi construído um luxuoso palacete para acomodar não só ele, mas também a sua família.
Hoje, o Edifício Martinelli pertence à Prefeitura de São Paulo, e não aos descendentes de seu criador. Como isso aconteceu? A construção pertenceu a Giuseppe Martinelli até 1934 (ou seja, um ano antes do prédio sequer ficar pronto).
No período, o empresário se encontrava endividado como resultado da crise econômica de 29, quando ocorreu a famosa quebra da bolsa de valores de Nova York. Assim, após não conseguir quitar o empréstimo que havia pedido ao governo italiano para financiar a iniciativa, se obrigou a passar as rédeas do projeto para as autoridades do outro país.
O edifício apenas chegou às mãos do Estado brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial, quando os bens pertencentes a italianos (que eram parte da aliança militar inimiga) foram desapropriados.
A fama de mal-assombrado do Edifício Martinelli remonta aos anos 50, quando a construção ficou abandonada e acabou se tornando palco de atividades ilegais, como tráfico de drogas e prostituição.
Além disso, pelo menos dois assassinatos chocantes já ocorreram entre as paredes do arranha-céu histórico: Davidson, um menino, foi morto e teve seu corpo abandonado no poço do elevador do prédio, e uma jovem chamada Márcia Tereza foi estuprada e assassinada por um grupo de cinco homens.
Em fevereiro deste ano, o Grupo Tokyo, dono de baladas como "Alto" e a "Tokyo" em si, fechou um contrato com o governo brasileiro para explorar comercialmente uma parte do edifício (equivalente a 2.570 metros quadrados) durante os próximos 15 anos.
Para tanto, o plano é que sejam construídos café, restaurante, loja de suvenires, museu e observatório no arranha-céu.
Junior Passini, do Grupo Tokyo, revelou os desafios da iniciativa: "A obra de restauro vai levar de seis meses a um ano, no mínimo. A rota vai sendo corrigida e adaptada", explicou.
Por outro lado, o fechamento do acordo de 50 milhões de reais também veio com grandes vantagens:
É a melhor vista de São Paulo, a única tão alta e com 360 graus de visão, você tem liberdade e vai a todos os lados", comentou ele a respeito do terraço do Edifício Martinelli.
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