Montagem de Fernando Collor durante posse com fundo roxo em tema relacionado a pauta - Sergio Lima/ABr / Pixabay
Brasil

30 anos após impeachment: A denúncia de magia negra contra Fernando Collor

Diversos trabalhos de sacrifício animal foram atribuídos pela ex-esposa do presidente da República após separação

Wallacy Ferrari Publicado em 30/12/2022, às 13h00

Em 29 de dezembro de 1992, o presidente Fernando Collor de Mello encaminhava seu advogado ao Congresso Nacional para ler sua carta de renúncia, pouco após o início da sessão que deveria votar em seu afastamento definitivo do cargo máximo do Poder Executivo Brasileiro, após dois meses afastado da função em decorrência de um polêmico processo de impeachment.

O processo, resultado de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, conhecido popularmente pela sigla CPI, foi motivado após uma série de denúncias feitas pelo irmão do presidente, Pedro Collor, sobre possíveis esquemas de corrupção envolvendo o tesoureiro de sua campanha eleitoral para a presidência, PC Farias.

Em meio a uma tumultuada relação, dez meses após o bombástico depoimento divulgado pela revista Veja, o irmão do chefe-de-estado foi além e afirmou, ao Jornal do Brasil, que rituais de magia negra eram realizados na Casa da Dinda, residência da família Collor em Brasília, usada inclusive durante seu período no cargo máximo do Poder Executivo.

Tal acusação iniciou uma mística ao redor do endereço e sobre quais eram as crenças do ex-presidente, que não fez questão de comentar o assunto, inclusive quando indagado na memorável entrevista dada ao jornalista Roberto Cabrini no ano de 1995, quando já havia sido inocentado pelo crime de corrupção passiva pelo Supremo Tribunal Federal e residia nos Estados Unidos após ser considerado inelegível.

Contudo, duas décadas depois, a ex-primeira-dama Rosane Malta, já separada do ex-presidente após um tumultuado divórcio, revelou que a colocação do irmão não apenas era correta, como confirmou ter sido testemunha ocular de trabalhos relacionados a magia negra durante sua vida política, detalhando no livro 'Tudo o que eu vi e vivi'.

O que ela viu

Em entrevista ao programa dominical 'Fantástico', da TV Globo, como parte das entrevistas de divulgação de sua biografia, ela revelou que os rituais ocorriam antes mesmo dele se tornar um presidenciável, mas sim, quando tentava se eleger governador de Alagoas, conhecendo uma mãe de santa de nome Cecília.

Rosane afirma que é amiga de Cecília e que, hoje convertida ao evangelismo, a organizadora dos trabalhos de magia negra detalha os episódios com arrependimento. De acordo com a ex-primeira-dama, ela é autora de sacrifícios animais e até mesmo trabalhos com cadáveres humanos recém-enterrados.

Um dos primeiros foi para ascender nacionalmente como candidato à Presidência, em 1989, com um trabalho especial para retirar o apresentador Silvio Santos da corrida eleitoral: “Foi um trabalho muito sério. Foi um trabalho muito imundo, podre, nojento, para que se colocasse ali, na Presidência da República, aquele homem para administrar o Brasil”.

Rosane Collor revelando que ex-presidente Collor, braço direito do Bolsonaro, praticava rituais de magia negra que incluía fetos humanos e animais. pic.twitter.com/FcPIIerE6K

— Lázaro Rosa 🇧🇷 (@lazarorosa25) October 9, 2022

Maldição?

De acordo com Rosane, em entrevista ao programa de Amaury Jr., os trabalhos com Cecília foram deixados de lado pelo presidente durante a crise que culminou em seu processo de impeachment, fazendo a mãe de santo perder credibilidade com o chefe-de-estado. Mesmo assim, uma maldição após o término do processo, onde Collor foi inocentado, chama atenção.

Diversos envolvidos no caso tiveram mortes de causas pouco usuais; o primeiro ocorreu ainda quando o impeachment era especulado no Congresso Nacional, com Ulysses Guimarães, o presidente da Assembleia Nacional Constituinte que resultou na Constituição de 1988 e um dos responsáveis por pedir que a votação do impeachment não fosse secreta, morreu em 12 de outubro de 1992 em um acidente de helicóptero, com outros 4 ocupantes da aeronave sendo vitimados fatalmente, mas seu corpo sendo o único que nunca foi encontrado.

Pedro Collor, o denunciante do irmão, também morreu em pouco tempo após a renúncia; um mês após descobrir um tumor cerebral e ser internado, faleceu em tratamento nos Estados Unidos. O principal acusado por Pedro também não se safou; PC Farias foi assassinado em 1996, sendo encontrado morto ao lado da namorada. Dois anos antes, PC havia se tornado viúvo pela morte de Elma, vítima de um edema pulmonar em 1994.

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