Cena do filme Zona de Interesse - Divulgação
Zona de Interesse

Zona de Interesse: Filme causa polêmica com Fundação de Sobreviventes do Holocausto

Vencedor de duas categorias na última edição do Oscar, Zona de Interesse caiu em polêmica com a Fundação de Sobreviventes do Holocausto dos EUA

Thiago Lincolins Publicado em 12/03/2024, às 20h06

Um dos filmes mais elogiados dos últimos meses, Zona de Interesse venceu duas categorias na última edição do Oscar. De Jonathan Glazer, o filme retrata a vida de uma família nazista ao lado do campo de concentração de Auschwitz, na Segunda Guerra.

No entanto, foi justamente a premiação que causou polêmica com a Fundação de Sobreviventes do Holocausto dos Estados Unidos (HSF). Ao vencer a categoria 'Filme Internacional', Glazer aproveitou o recebimento da estatueta dourada para criticar a guerra travada pelo Hamas e Israel na Faixa de Gaza.

Através de uma carta aberta publicada no site da organização, o seu presidente, David Schaecter, 94 anos, lamentou as palavras ditas por Jonathan Glazer no palco do Oscar.

Schaecter disse que sentiu 'angústia' ao ver o diretor de 'Zona de Interesse' equiparando o grupo extremista Hamas com Israel. A carta também foi assinada pelo comitê executivo.

"Assisti com angústia no domingo à noite, quando ouvi você usar a plataforma da cerimônia do Oscar para equiparar a brutalidade maníaca do Hamas contra israelenses inocentes com a difícil, mas necessária autodefesa de Israel diante da barbárie contínua do Hamas. Seus comentários foram factualmente imprecisos e moralmente indefensáveis", publicou ele.

David Schaecter, vale destacar, passou três anos no campo de concentração de Auschwitz e um ano em Buchenwald. Em sua visão, o diretor deveria sentir 'vergonha' em usar o Holocausto para criticar Israel.

"Você fez um filme sobre o Holocausto e ganhou um Oscar. E você é judeu. Bom para você. Mas é vergonhoso que você presuma falar em nome dos seis milhões de judeus, incluindo um milhão e meio de crianças, que foram assassinados apenas por causa da sua identidade judaica", destaca o texto.

Discurso

No palco do Oscar, Glazer destacou que a 'desumanização leva ao pior cenário' e  chamou atenção para o desenrolar do conflito entre Israel e o Hamas.

"Todas as nossas escolhas foram feitas para refletir e confrontar-nos no presente - não para dizer 'vejam o que eles fizeram no passado', mas, sim, 'vejam o que nós fazemos agora'. Nosso filme mostra como a desumanização conduz ao seu pior. Ela moldou todo o nosso passado e presente", disse o diretor.

"Neste momento, estamos aqui como pessoas que refutam o seu judaísmo e o Holocausto, sequestrados por uma ocupação que levou muitas pessoas inocentes ao conflito, sejam os israelenses vítimas do 7 de outubro ou as vítimas do ataque em Gaza. Como podemos resistir?", afirmou ele.

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