Na Finlândia, museu de Tampere recebeu reunião secreta de Lenin e Stalin anos antes da Revolução Russa; edifício faz parte da história do comunismo
Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 30/10/2024, às 19h30
O último Museu Lenin da Europa, situado na Finlândia, vai passar por uma mudança de nome e de tema, conforme anunciou seu diretor nesta quarta, 30. A decisão alimentou teorias da conspiração na Rússia. A informação foi divulgada pela AFP.
Localizado em Tampere, a aproximadamente 170 km a noroeste de Helsinque, o museu foi inaugurado em 1946 e é o único no continente a levar o nome do líder bolchevique Vladimir Ilyich Ulyanov (1870-1924).
O local é um marco na história do comunismo, pois, abrigou o primeiro encontro entre Lenin e Stalin, futuro sucessor na liderança soviética, durante uma reunião secreta em 1905, doze anos antes da Revolução Russa.
A instituição fechará suas portas em 3 de novembro para reformas e reabrirá em fevereiro de 2025 com o nome "Nootti", com foco na evolução das relações entre Finlândia e Rússia nos séculos XX e XXI.
Os dois países, que compartilham uma fronteira de 1.340 km, travaram uma guerra de três meses entre 1939 e 1940. Em entrevista à AFP, o diretor Kalle Kallio explicou que o nome anterior "não refletia a história que queremos contar".
Ele também mencionou que "algumas pessoas veem o museu como um templo do mal devido ao seu nome". A instituição, que recebe financiamento estatal, já havia alterado sua temática em 2016 para abordar a história da URSS, dissolvida em 1991.
Segundo Kallio, o nome "se tornou um fardo", principalmente após a invasão russa na Ucrânia.
Apesar de atrair muitos visitantes, o diretor comentou que escolas evitam trazer alunos ao museu, pois, os professores hesitam em perguntar aos pais se podem levar as crianças ao local.
Na Rússia, muitos interpretaram isso como um ato hostil da Finlândia, especialmente após nossa adesão à Otan, e acreditam que a decisão foi realmente tomada em Washington", acrescentou Kallio
Curiosamente, o anúncio do fechamento do museu resultou em um número recorde de visitantes nos últimos dias, ansiosos para fazer uma última visita a esse marco histórico do século XX.
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