Tido como "fenomenalmente raro", sistema estelar é tido como ‘um em 10 bilhões’ possíveis e está localizado a 11.400 anos-luz da Terra
Fabio Previdelli Publicado em 21/02/2023, às 22h00
Através do Telescópio SMARTS, no Observatório Interamericano de Cerro Tololo (CTIO), no Chile, astrônomos descobriram um sistema estelar binário "fenomenalmente raro" que poderia um dia desencadear uma explosão extremamente poderosa que inundaria o espaço com ouro.
Tido como "um sistema em 10 bilhões", ele é tão escasso que se acredita que apenas 10 desse tipo existam em toda a nossa galáxia. Conhecido como CPD-29 2176, localizado a cerca de 11.400 anos-luz da Terra, o sistema estelar reúne todas as condições para, eventualmente, desencadear uma kilonova — ou seja, uma poderosa explosão ocasionada pela fusão de estrelas de nêutrons.
O sistema estelar é formado quando uma estrela de nêutrons é criada por uma "supernova ultradespojada" e uma estrela massiva em órbita próxima em processo de se tornar uma “supernova ultradespojada” — nome dado à explosão de fim de vida de uma estrela massiva (também chamada de supernova) cujo grande parte de sua atmosfera externa foi ‘chutada’ por uma estrela companheira, explica a Galileu.
Uma supernova tradicional chutaria uma estrela companheira próxima para fora do sistema. Porém, em vez de ser expulsa, a estrela companheira, eventualmente, pode evoluir para outra estrela de nêutrons — fornecendo os ingredientes perfeitos para a ocorrência de uma kilonova.
São imensas explosões causadas por estrelas de nêutrons colidindo umas com as outras, enviando um jato intenso de partículas de alta energia pelo espaço. Essas explosões, aponta o Daily Mail, produzem um flash luminoso de luz radioativa que produz abundância de elementos como prata, ouro, platina e urânio.
O CPD-29 2176 se torna incomum porque os astrônomos sempre pensaram que, para que uma kilonova se formasse, pelo menos uma das estrelas de nêutrons — alguns dos objetos mais densos do universo — deveria ser criada a partir de uma explosão tradicional de supernova. O novo sistema sugere que não é o caso.
"A atual estrela de nêutrons teria que se formar sem ejetar sua companheira do sistema. Uma ‘supernova ultradespojada’ é a melhor explicação para o porquê dessas estrelas companheiras estarem em uma órbita tão estreita", disse o principal autor do estudo, Noel Richardson, da Embry-Riddle Aeronautical University.
Para um dia criar uma kilonova, a outra estrela também precisaria explodir como uma ‘supernova ultradespojada’ para que as duas estrelas de nêutrons pudessem eventualmente colidir e se fundir”, continua.
Os pesquisadores esperam que a descoberta possa ajudar a desvendar o mistério de como as kilonovas se formam — o que, por sua vez, jogaria luz sobre a origem dos elementos mais pesados do universo.
“Por algum tempo, os astrônomos especularam sobre as condições exatas que poderiam eventualmente levar a uma kilonova”, disse André-Nicolas Chené, coautor da pesquisa. "Esses novos resultados demonstram que, pelo menos em alguns casos, duas estrelas de nêutrons irmãs podem se fundir quando uma delas foi criada sem uma explosão clássica de supernova."
No entanto, os astrônomos dizem que produzir um sistema tão incomum seria um processo longo e improvável. “Sabemos que a Via Láctea contém pelo menos 100 bilhões de estrelas e provavelmente centenas de bilhões a mais”, prosseguiu.
Este notável sistema binário é essencialmente um sistema de um em dez bilhões”, classificou.
Mais detalhes da descoberta foram publicados no início o mês na Nature.
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