Restos mortais de homem cuja morte foi registrada em 1197 - Divulgação/Instituto Norueguês de Pesquisa do Patrimônio Cultural
Arqueologia

Restos mortais de homem citado em saga nórdica de 800 anos são descobertos

Mais de 800 anos depois, cientistas noruegueses acreditam que podem ter identificado os restos mortais de personagem citado em saga medieval

Redação Publicado em 28/10/2024, às 11h47

Em 1197, durante um ataque ao castelo de Sverresborg, nos arredores de Nidaros (atual Trondheim, Noruega), uma saga medieval conta que um corpo foi jogado em um poço. Mais de 800 anos depois, cientistas noruegueses acreditam que podem ter identificado os restos mortais desse personagem.

A Saga de Sverris descreve a turbulenta ascensão do rei norueguês Sverre Sigurdsson ao trono no final do século XII, um período intensamente marcado por guerras civis. Segundo o The Guardian, em um dos episódios narrados, os Baglers — um grupo militar apoiado pela Igreja Católica Romana e inimigo de Sverre — invadiram a fortaleza do rei em sua ausência.

Após saquear e incendiar o local, lançaram um cadáver em um poço, possivelmente para contaminar a água e impedir que a fortaleza fosse reutilizada.

Os Baglers pegaram todos os bens que estavam no castelo e então queimaram todas as casas que estavam lá. Eles pegaram um homem morto e o jogaram de cabeça no poço, carregaram pedras até lá e as colocaram até que ele estivesse cheio” (Saga de Sverre, capítulo 137).

Em 1938, arqueólogos descobriram um esqueleto humano cerca de sete metros abaixo do fundo do poço. A Segunda Guerra Mundial, no entanto, interrompeu as escavações, que só foram retomadas entre 2014 e 2016 pela arqueóloga Anna Petersén, revelando mais detalhes sobre o “homem do poço”.

Esqueleto foi encontrado em 1938 / Crédito: Diretoria de Arquivos do Patrimônio Cultural
Escavações no castelo do rei Sverre Sigurdsson, na Noruega / Crédito: Divulgação/Instituto Norueguês de Pesquisa do Patrimônio Cultural
Crânio do "homem do poço" achado em castelo na Noruega / Crédito: Divulgação/Instituto Norueguês de Pesquisa do Patrimônio Cultural

 

Análise genética

O Instituto Norueguês de Pesquisa do Patrimônio Cultural informou em nota que os restos mortais pertenciam a um homem entre 30 e 40 anos, com traumas no crânio e nos ossos, sugerindo um fim violento. A análise revelou ainda que ele tinha olhos azuis, cabelos loiros ou castanhos claros e era originário do sul da Noruega, o que surpreendeu os pesquisadores, uma vez que os homens do rei Sverre eram da região central.

Estudos liderados por Michael Martin e sua equipe, publicados na revista iScience, combinaram técnicas de datação por radiocarbono e sequenciamento genético para examinar os ossos. Embora o DNA nos ossos estivesse deteriorado, um dente em bom estado permitiu a análise genética, revelando um perfil físico próximo ao descrito.

A coincidência entre as características e o período histórico sugerem uma ligação plausível entre os restos e a saga. Segundo Martin, embora seja impossível ter certeza absoluta de que se trata da mesma pessoa mencionada na saga, as evidências científicas trazem um novo olhar sobre esse capítulo da história nórdica, mostrando que as antigas sagas podem ter uma base real, ainda que com "exageros narrativos".

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