Encontradas na Cidade do México, as evidências indicam que o rito fora dedicado ao fim da civilização; veja imagens!
Fabio Previdelli | @fabioprevidelli_ Publicado em 02/12/2021, às 17h00
Como uma espécie de oferenda à civilização que entraria em decadência, os antigos astecas realizaram um ritual aos deuses no século 16, entre os anos de 1521 e 1610, como forma de testemunho de como terminou o ciclo de suas vidas e de seu povo. Parte desse ato teve a queima de restos mortais humanos.
Evidências da prática foram descobertas na Cidade do México por arqueólogos do Instituto Nacional de Antropologia e História do México (Inah). Para os pesquisadores da instituição, o rito é muito simbólico, pois representa muito bem “os 500 anos da resistência indígena”. Afinal, o período coincide com a chegada dos espanhóis aos país.
Na capital, foi encontrado um altar do século 16, perto da Plaza Garibaldi. Além disso, no local, foi identificado um pote de cerâmica onde os restos mortais foram incinerados. O recipiente tem uma alça de cada lado e uma ampla abertura, que permite constatar os restos queimados no fundo (como mostra a imagem abaixo).
Além disso, descobriu-se 13 queimadores de incenso decorativos que foram usados em rituais antigos. “O conjunto de 13 queimadores de incenso expressa um simbolismo particular, uma vez que foram dispostos em dois níveis e em duas orientações diferentes: alguns na direção leste-oeste, e outros na direção norte-sul, como uma evocação das 20 trezenas que compôs o tonalpohualli, o calendário ritual mexicano de 260 dias”, explica a arqueóloga Mara Becerra.
Da mesma forma, vale a pena mencionar que o número 13 aludia aos níveis do céu”, prossegue. “As características dos queimadores de incenso também reforçam a concepção Nahua do universo, por exemplo, a cruz aberta das taças de incenso representa o quincunce, símbolo do axis mundi."
As alças, em vermelho, preto e azul, foram utilizadas como instrumento de sopro, diz a especialista. “A peça termina com a representação da cabeça de uma cobra d'água, referindo-se às forças do submundo”, continua.
A equipe de arqueólogos descobriu o altar sacrificial a cerca de 3 metros abaixo da superfície, após cavarem várias camadas de uma casa, depois que funcionários do Instituto de Habitação da Cidade do México (INVI) quiseram instalar cisternas no local.
O altar conta com um cômodo contíguo a um pátio e um corredor que conecta cinco ambientes, todos conservando o piso e as paredes de estuque originais.
Os pesquisadores dizem que um desses cômodos foi usado como cozinha, o que foi determinado depois que uma fogueira gigante, que mede 4x3 metros, foi encontrada no local — porém, os arqueólogos acreditam que ela era muito maior quando foi construída originalmente, já que as partes se desgastaram com o tempo.
As camadas arquitetónicas apontam para pelo menos dois estágios de ocupação, no final do pós-clássico e no primeiro século da ocupação espanhola entre 1521 e 1610.
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