A duquesa teve o conhecimento como sua principal ferramenta e conseguiu ser um símbolo feminino de conquista com inteligência
Wallacy Ferrari Publicado em 13/08/2020, às 11h58
Mesmo nascida em uma época onde a educação religiosa centralizava o foco dos conhecimentos gerais, a jovem Leonor da Aquitânia teve a sorte de nascer em um reino preocupado com a educação; seu avô, Guilherme IX, foi um dos primeiros trovadores e poetas vernaculares, ensinando as netas a desenvolver o hábito da leitura filosófica, astronômica e matemática.
Com o empurrão, Leonor e sua irmã Petronila já falavam oito línguas ainda na juventude, além de se alfabetizarem, tinham a dominância de operações básicas de matemática — educação mais avançada do que parte dos governantes europeus na época, que eram analfabetos. Com o conhecimento como sua arma, aprendeu a se integrar na alta sociedade e tornou-se a noiva mais cobiçada entre os líderes do velho continente.
O interesse pela jovem aumentou ainda mais após a morte do pai, quando recebeu o título de duquesa. O sortudo escolhido pela jovem, na época com 15 anos de idade, foi o rei Luís VII da França, rendendo-lhe não apenas o título de Rainha Consorte, como inaugurou o de Condessa de Poitiers, especialmente criado para a união franco-aquitanesa.
Mais poder que o marido
A união rendeu uma parceria politicamente importante para ambos; por um lado, Leonor era uma excelente aliada para as cruzadas, arrecadando recursos, doações e solicitando bênçãos. Por outro, a posição que conseguiu com Luís permitiu que a jovem assumisse uma postura mais protestante, como quando realizou uma expedição junto com um grupo de aias femininas, todas vestidas como Amazonas.
Tal ato chegou a ser repudiado pelo papa, que só evitou expressar sua oposição pois a jovem pertencia a duas importantes nobrezas europeias. Apesar da rejeição católica, o relacionamento de Luís e Leonor desandou por outro motivo; a esposa tinha interesse em conquistar o Condado de Edessa, mas o marido discordava, acreditando que era mais importante conquistar Jerusalém. Tal rachadura dividiu o exército francês e foi o estopim para o fim da relação.
Quando regressaram à Europa, em 1149, tentaram se reconciliar tendo o papa Eugênio III como mediador, já que Leonor estava grávida de Alice Capeto, porém, um acordo não foi obtido e a união foi anulada três anos depois. Leonor ainda conseguiu retomar suas terras que estavam em poder da colônia francesa, mas surpreendeu a família quando, semanas depois casou-se com um homem ainda mais poderoso.
De rainha da França para rainha da Inglaterra
Em maio de 1152, casou-se com Henrique II, que dois anos depois, foi coroado rei da Inglaterra. Novamente com o título de rainha, não conseguiu se dar tão bem como com Luís, principalmente pelos casos de traição e tentativas de opressão do inglês. Mesmo com ideais incompatíveis, o casal teve cinco filhos antes de separarem no final da década de 1160. Porém, os três filhos mais velhos — Henrique, o Jovem, Ricardo Coração de Leão e Godofredo — fizeram questão de apoiar a mãe.
Em 1173, se aliaram a Leonor para tomar o poder inglês, contando com a ajuda inclusive de Luís VII, seu ex-marido. A tentativa fracassou e, apesar de perdoar os filhos, Henrique prendeu Leonor até segunda ordem, passando 16 anos encarcerada entre castelos da Inglaterra. A soltura surgiu, justamente, após o falecimento de Henrique; quem assumiu foi o jovem Ricardo, que não apenas libertou a mãe, como a nomeou como rainha regente.
Nas ocasiões que Ricardo esteve ausente, como em cruzadas e expedições internacionais, era Leonor que assumia as ações de liderança no país. Além de Ricardo, seu outro filho, João, popularmente conhecido como Sem-Terra, também foi rei posteriormente. A mãe-coruja priorizou a educação dos filhos e passou para frente o hábito do conhecimento. Faleceu em 1204, aos 82 anos de idade.
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