A versão inicial do manuscrito erótico estava sendo usado para proteger outros livros
Fabio Previdelli Publicado em 09/10/2019, às 17h53
Páginas de um romance medieval, apelidado de 50 Tons de Cinza da Idade Média, foram descobertos nos arquivos da Diocese de Worcester, no estado americano de Massachusetts. O manuscrito, que foi concluído em 1275, faz parte do popular poema francês intitulado Le Roman de la Rose (O Romance da Rosa), e estava sendo usado como proteção de outro livro.
O texto conta a história de um encontro sexual entre um cortesão e sua amada, representada por uma rosa. “Le Roman de la Rose foi o grande sucesso de sua época”, afirmou Marianne Ailes, medievalista da Universidade de Bristol, no Reino Unido, e responsável pela descoberta.
Na cena, o narrador usa uma metáfora extensa de um peregrino que se apresenta diante de um relicário religioso para insinuar um encontro sexual. Ele descreve sua bengala, ou bastão, como “rígida e forte” e fala em “enfiá-la nessas valas”. Se ajoelhando diante da relíquia “cheia de agilidade e vigor, entre os dois belos pilares... consumidos pelo desejo de adorar”.
O poema começou a ser escrito na década de 1230 por Guilherme de Lorris e foi concluído em 1280 por Jean de Meun. Ao todo, o romance possui 22.000 linhas. “Sabemos o quão popular ele era pelo número de manuscritos e fragmentos sobreviventes, e pelas inúmeras alusões ao texto em outros escritos medievais”, disse Ailes.
A medievalista disse que os escritos não estavam em boas condições, pois a folha foi usada para proteção de outro livro. Ela explica que essa prática era muito comum na época porque o pergaminho era caro e durável. “Assim que vi as páginas, reconheci instantaneamente o nome alegórico de ‘bel accueil’ e percebi que tínhamos algo muito especial e único em nossas mãos”.
O escritor medievalista vitoriano FS Ellis recusou-se a traduzir esse trecho em uma versão inicial que ele fez em 1900. No entanto, ele deixou essa parte como um apêndice em linguagem original. A justificativa é que as pessoas leriam e entenderiam a justificativa em “deixá-lo na obscuridade do original”.
“O romance estava no centro de uma discussão entre intelectuais medievais sobre o status das mulheres. Portanto, temos a possibilidade de que essas páginas em específico tenham sido retiradas de suas encadernações originais por alguém que se ofendeu com essas passagens”, concluiu Marianne.
Com cenas inéditas, 'Calígula' volta aos cinemas brasileiros após censura
Jornalista busca evidências de alienígenas em documentário da Netflix
Estudo arqueológico revela câmara funerária na Alemanha
Gladiador 2: Balde de pipoca do filme simula o Coliseu
Túnica atribuída a Alexandre, o Grande divide estudiosos
Quebra-cabeça: Museu Nacional inicia campanha para reconstruir dinossauro