Mão tatuada de múmia Chancay sob luz branca (à esquerda) e sobre nova técnica de laser (à direita) - Divulgação/PNAS/Kaye et al
Arqueologia

Padrões ocultos de tatuagens de múmias peruanas de 1.200 anos são revelados

Utilizando novo método de geração de imagens de tatuagens com laser, pesquisadores descobriram desenhos complexos em múmias Chancay, do Peru

Éric Moreira Publicado em 14/01/2025, às 11h30

Uma nova técnica de laser revelou novos detalhes de antigas múmias Chancay de 1.200 anos do Peru, que podem ajudar na compreensão das antigas práticas culturais dos povos que viveram nos Andes no passado. No entanto, o novo método ainda não é um consenso entre pesquisadores.

No novo estudo, publicado na última segunda-feira, 13 de janeiro, no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), os pesquisadores analisaram mais de 100 restos humanos mumificados da cultura Chancay, que habitou a região do atual Peru entre 900 e 1.533 d.C. E os detalhes das tatuagens chamam bastante atenção.

Apenas 3 desses indivíduos tinham tatuagens altamente detalhadas, compostas de linhas finas de apenas 0,1 a 0,2 mm [0,004 a 0,008 polegada] de espessura, que só puderam ser vistas com nossa nova técnica", disse Michael Pittman, paleobiólogo da Universidade Chinesa de Hong Kong e coautor do estudo, ao Live Science.
Tatuagens de múmias Chancay analisadas em novo estudo / Crédito: Divulgação/PNAS/Kaye et al

 

Essa técnica, por sua vez, envolve o que os especialistas chamam de fluorescência estimulada por laser (LSF), que produz imagens a partir da fluorescência de uma amostra, o que revela detalhes que um simples exame de luz ultravioleta pode perder.

Conforme repercute o Live Science, a LSF faz a pele tatuada fluorescer em branco brilhante, de forma que a tinta preta da tatuagem, feita à base de carbono, se destaque mais claramente. Dessa forma, a técnica permite burlar o desbotamento natural das tatuagens com o tempo.

Porém, a técnica LSF ainda é debatida por muitos pesquisadores da área. Aaron Deter-Wolf, um especialista em tatuagens antigas da Divisão de Arqueologia do Tennessee, por exemplo, opina ao Live Science que os autores do novo estudo falharam em incluir detalhes sobre o método, e em explicar porque ele seria realmente melhor que outros já empregados atualmente, como imagens infravermelhas ou multiespectrais de alta resolução.

Importância histórica

Apesar do debate em torno da nova técnica, é um consenso que há um valor incrível em reavaliar coleções de múmias de museus utilizando novos métodos. No estudo, Pittman e seus colegas escrevem que as imagens do LSF "têm o potencial de revelar marcos semelhantes no desenvolvimento artístico humano por meio do estudo de outras tatuagens antigas, incluindo a evolução dos métodos de tatuagem".

Vale mencionar que as três tatuagens mais detalhadas são descritas no estudo com "padrões predominantemente geométricos com triângulos, que também são encontrados em outras mídias artísticas de Chancay, como cerâmica e tecidos", conforme escreve Pittman em e-mail ao Live Science. Há também outras tatuagens Chancay que incluíam desenhos semelhantes a videiras e animais.

Mão tatuada de antiga múmia Chancay / Crédito: Divulgação/Michael Pittman e Thomas G Kaye

 

Apesar de todas as descobertas já feitas em torno dos Chancay, pouco se sabe até hoje sobre a organização social deste antigo grupo, o que torna a produção de estudos ainda mais importante. "Em muitas sociedades, tatuagens são usadas para marcar pessoas com status especial", conta também ao Live Science a arqueóloga Kasia Szremski, da Universidade de Illinois Urbana-Champaign.

"Ao entender melhor como são as tatuagens Chancay, podemos começar a procurar padrões que podem nos ajudar a identificar diferentes tipos, classes ou status de pessoas", conclui Szremski.

Leia também: De faraó a "homem do gelo": Confira 5 múmias que entraram para a História

 

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