Esqueleto encontrado em posição fetal - Divulgação/ Barbara Veselka et al
Arqueologia

O mistério em torno do esqueleto feito de ossos de diferentes milênios

Enterro em cemitério romano na Bélgica revelou que esqueleto foi formado de ao menos cinco pessoas diferentes que viveram entre um período de 2.500 anos

Fabio Previdelli Publicado em 06/11/2024, às 13h30

Arqueólogos desvendaram o mistério em torno de um esqueleto encontrado em um cemitério de cremação romano, na cidade de Pommerœul, na Bélgica. Acontece que os restos mortais são formados de ao menos cinco pessoas diferentes que viveram entre um período de 2.500 anos

Conforme recorda o The Independent, o esqueleto foi descoberto na década de 1970 e, desde então, já gerava curiosidade. Afinal, ele estava ao lado de outros 76 sepultamentos, mas foi o único disposto em posição fetal — algo incomum em cemitérios romanos.

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Até então, pensava-se que os ossos remetiam ao segundo ou terceiro século d.C., mas em 2019, especialistas, liderados por Barbara Veselka, descobriram que todos os sepultamentos, com exceção daquele, pertenciam ao período romano. 

Já o enterro em posição fetal remetia a períodos diferentes. Um pino de osso perto do crânio pertencia a uma mulher que viveu entre 69 e 210 d.C., durante a era galo-romana. Mas também havia ossos do final da Idade da Pedra. Mas como isso aconteceu?

O crânio analisado no estudo - Divulgação/ Barbara Veselka et al

 

O estudo

Fazendo análises por datação de radiocarbono e sequenciamento de DNA antigo, os pesquisadores descobriram que os ossos pertenciam a, pelo menos, cinco pessoas diferentes

Arqueólogos já estão acostumados a encontrarem corpos que tiveram suas posições manipuladas, mas a reunião de ossos de pessoas de diferentes eras é algo muito raro. "Mais raros ainda são os indivíduos compostos com elementos esqueléticos separados por centenas ou mesmo milhares de anos", observam os pesquisadores, repercute o The Independent. 

O grupo suspeita que o sepultamento da Idade da Pedra foi perturbado por acidente pelos romanos, que estariam enterrando os restos cremados de seus companheiros. Assim, 2.500 anos depois, os romanos teriam adicionado um novo crânio e utensílios funerários, como um pino de osso, para cobri-lo.

Uma segunda possibilidade é que todo o 'indivíduo' tenha sido reunido durante o período galo-romano, combinando ossos neolíticos de origem local com um crânio do período romano", apontam.

Conforme o estudo publicado na revista Antiquity, os romanos, muito provavelmente, podem "ter sido inspirados pela superstição ou sentiram a necessidade de se conectar com quem havia ocupado a área antes deles". Daí a ideia de montarem o esqueleto por meio de ossos antigos. 

"Ou originalmente não havia crânio e a comunidade romana que descobriu o sepultamento adicionou um para completar o 'indivíduo', ou eles substituíram o crânio existente do Neolítico por um do período romano", completam.

Embora a motivação permaneça obscura, os pesquisadores concluem que "a presença do 'indivíduo' foi claramente intencional".

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