Escavações "secretas" realizadas em Luxemburgo revelaram 141 moedas de ouro romanas de 1.700 anos, incluindo representações de imperador ilegítimo
Éric Moreira Publicado em 11/01/2025, às 12h45
Arqueólogos de Luxemburgo descobriram um impressionante tesouro romano de 1.700 anos, que inclui uma variedade de moedas de ouro, próximo às fundações de um pequeno forte. Ao todo, foram desenterradas 141 moedas, cunhadas entre 364 e 408 d.C., nas proximidades da vila de Holzthum, no norte do país.
O que mais chama atenção no achado luxuoso é que as moedas representavam retratos de oito diferentes imperadores. Porém, em três delas, especificamente, nota-se um governante inesperado: Eugênio, um imperador ilegítimo do Império Romano Ocidental, que teve um reinado de apenas dois anos, entre 392 e 394.
Um professor de retórica e oficial da corte, Eugênio foi proclamado imperador do Ocidente por um poderoso oficial militar, alguns meses após o imperador Valentiniano II ser encontrado enforcado, sob circunstâncias misteriosas.
Porém, o imperador cristão do Oriente, Teodósio I, não reconheceu Eugênio e desaprovou sua suposta política de tolerância religiosa, provocando um conflito armado que culminou na derrota e morte de Eugênio em 394. Por seu curto tempo no poder, moedas o representando são consideradas bastante raras.
Esta é uma grande descoberta arqueológica, pois é extremamente raro estudar todo um depósito monetário antigo em seu contexto arqueológico", afirmam os pesquisadores em declaração do Instituto Nacional de Pesquisa Arqueológica (INRA), em Luxemburgo.
Foi justamente devido à importância histórica do achado que a descoberta foi mantida em segredo durante quase quatro anos, tendo as escavações que a revelaram ocorrido entre 2020 e 2024. No local, os arqueólogos também se depararam com várias munições e explosivos da Segunda Guerra Mundial, o que levou à colaboração do Serviço de Ação contra Minas do Exército de Luxemburgo (SEDAL) na escavação.
Conforme repercute o Live Science, as moedas de ouro descobertas são solidi, nome dado em referência ao conteúdo de ouro consistentemente confiável. Cada uma delas pesa cerca de 4,5 gramas, e foram introduzidas no início do século 4, na era do Império Romano Posterior, permanecendo estável por séculos e se espalhando por todo o Mediterrâneo.
Devido à "excelente condição" das moedas, bem como "a presença de alguns espécimes raros", uma análise independente avaliou que aquele tesouro poderia valer cerca de 308.600 euros (mais de 1,9 milhão de reais, na cotação atual). Essa quantia, conforme as leis de patrimônio cultural do país, é reservada àqueles que possuam direitos legais sobre as moedas, como detentores da propriedade em que ocorreu ou achado.
"Ainda levará algum tempo para processar as escavações e descobertas", informa o Ministro da Cultura de Luxemburgo, Eric Thill, em declaração parlamentar. "Mas sem dúvida aumentará nosso conhecimento e compreensão do último século do Império Romano no Ocidente".
Agora, os pesquisadores pretendem analisar todo o tesouro mais detalhadamente e, eventualmente, publicar os resultados do estudo em um periódico de pesquisa.
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