A montadora alemã admitiu ter simpatizado com o governo autoritário e pretende reparar ações de direitos humanos com ex-funcionários
Giovanna de Matteo Publicado em 24/09/2020, às 07h46
Nesta quarta-feira, 23, a Volkswagen do Brasil anunciou, junto ao Ministério Público Federal, um acordo que visa a reparação de danos causados à ex-funcionários durante o período da ditadura militar.
Três inquéritos civis, que tramitam desde 2015, investigam as condições dos trabalhadores na época e a ligação da montadora com o regime ditatorial. Um relatório feito por um historiador alemão, divulgado em 2017, esclareceu alguns fatos sobre a simpatia da montadora com o governo da época. A pesquisa trouxe acusações de que 6 trabalhadores foram presos e ao menos 1 foi torturado na fábrica da Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP).
A Volks se comprometeu com uma doação de R$ 36 milhões para a ação. O dinheiro será dividido em três partes, sendo R$ 16,8 milhões para a associação de trabalhadores da empresa, R$ 9 milhões aos Fundos Federal e Estadual de Defesa e Reparação de Direitos Difusos e R$ 10,5 milhões para projetos de memória política e histórica que investigam violações de direitos humanos no Brasil durante o regime militar.
Em nota representantes do MPF, do MP/SP e do MPT declaram que "o ajuste de condutas estabelecido nesta data é inédito na história brasileira e tem enorme importância na promoção da justiça de transição, no Brasil e no mundo".
A empresa também se posicionou: “Lamentamos as violações que ocorreram no passado. Estamos cientes de que é responsabilidade conjunta de todos os atores econômicos e da sociedade respeitar os direitos humanos e promover sua observância", indagou o membro do Conselho de Administração do grupo Volkswagen, Hiltrud Werner.
Essa também é a primeira ação de uma empresa estrangeira a mostrar com transparência seu passado durante o militarismo no Brasil.
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