Após debates por décadas, especialistas confirmaram que pintura representava a filha de Henrique VIII; e não Katherine Parr, sexta esposa do monarca
Fabio Previdelli Publicado em 18/11/2024, às 10h45
Um retrato em miniatura de 500 anos foi confirmado como representando Mary Tudor, filha mais velha de Henrique VIII, que se tornou a primeira rainha coroada da Inglaterra. Até então, havia uma dúvida de que a figura pudesse ser Katherine Parr, sexta esposa do monarca.
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O debate ocorreu por décadas, com o famoso historiador e diretor de museu Sir Roy Strong apontando que a miniatura era de Parr. Mas, agora, diversos especialistas nos Tudor estão convencidos de que é Mary — frequentemente apelidada de "Bloody Mary", por ordenar a matança de muitos protestantes.
A conclusão foi tomada após uma minuciosa observação no nariz do retrato em miniatura, conforme aponta a historiadora de arte Emma Rutherford. "O [nariz] de Mary, francamente, era bastante bulboso e arrebitado, enquanto o de Parr era mais aquilino", diz ao The Guardian.
A conclusão de Rutherford é apoiada por novas evidências vitais sobre itens de vestimenta e joias. Mary Tudor foi considerada uma filha "bastarda" após Henrique VIII anular seu casamento com Catarina de Aragão.
A resolução da dúvida começou quando Rutherford fazia a curadoria de uma nova exposição, 'The Reflected Self: Portrait Miniatures', na Compton Verney House, Warwickshire.
A especialista desconfiou que o retrato fosse de Parr e fez uma comparação de outros retratos das duas personagens reais. O mais notável de Parr é o retrato de corpo inteiro de propriedade da National Portrait Gallery (NPG), enquanto há uma miniatura no Castelo de Sudeley, onde ela morreu e está enterrada. Os mais conhecidos de Mary, embora como rainha na década de 1550, são do museu do Prado, em Madri, e de Hans Eworth, também no NPG.
Tanto Mary quanto Katherine tinham cabelos ruivos e olhos azuis, e tinham uma idade similar, em torno de 30 anos, quando esta miniatura foi feita", explica Rutherford. "Daí alguma confusão. Elas também usavam roupas semelhantes, embora as de Parr fossem geralmente mais elegantes. Mas os narizes são claramente diferentes".
Além do nariz, outras pistas ajudaram a esclarecer a dúvida. Nicola Tallis, especialista em joias do século 16, notou que a cruz, que a modelo está usando no retrato de Compton Verney, é semelhante a uma que ela usa em um pequeno retrato no NPG, atribuído à família Horenbout. Ela tem quatro diamantes e três pingentes de pérolas.
Então o historiador Owen Emmerson, pesquisando os registros de despesas reais de Mary, descobriu que em 20 de julho de 1546 ela recebeu de presente de seu pai uma cruz preta com cinco diamantes e três pingentes de pérolas. Esta cruz com joias e pérolas combina com a que Mary está usando na miniatura. Os registros também mostram que Mary havia presenteado um pouco de seda preta para a artista Susanna Horenbout, que era parte de seu círculo social.
"Agora podemos dizer com alguma certeza que Susanna pintou Mary, já que seu pai Gerard Horenbout e seu irmão Lucas estavam mortos em meados da década de 1540", diz Rutherford. "É emocionante também – uma mulher pintando uma mulher". Ela data o retrato por volta de 1546, quando Mary tinha 30 anos.
Por fim, mais uma consideração importante: Parr, como rainha consorte, fez uma petição a Henrique para que suas duas filhas, Mary e Elizabeth, pudessem eventualmente ascender ao trono. Além disso, ela também era uma grande amante das artes.
Então é bem possível, e a linha do tempo está correta, que esta miniatura tenha sido encomendada pela própria Katherine", finaliza Emmerson.
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