Bill Pallot - Getty Images
Bill Pallot

'Maior especialista em arte do século 18' vai a julgamento por enganar Palácio de Versalhes

Homem que ficou conhecido como o 'maior especialista em arte do século 18' foi desmascarado após enganar o Palácio de Versalhes e diversos colecionadores

Giovanna Gomes Publicado em 28/03/2025, às 10h49

O maior especialista mundial em obras da França do século 18, Bill Pallot, construiu uma carreira bem-sucedida como consultor de museus, galerias e colecionadores, incluindo o renomado Palácio de Versalhes. Apaixonado por cadeiras francesas do século 18, ele se tornou uma figura célebre na sociedade parisiense e no universo da arte, até que um ex-aluno levantou suspeitas e expôs suas falsificações.

Conhecido por seu cabelo longo e trajes de três peças, Pallot foi descrito pela revista Vanity Fair como "o maior especialista mundial em obras da França do século 18". Já a Paris Match o rotulou como "o Bernard Madoff da arte", em referência ao famoso investidor que caiu em desgraça por liderar um esquema de pirâmide em Wall Street.

De acordo com o portal O Globo, no auge de sua influência, a reputação de Pallot levou especialistas franceses a classificarem diversas peças como tesouros nacionais, incluindo assentos atribuídos a Maria Antonieta e à amante de Luís XV, Madame du Barry. Sua fama também lhe permitiu enganar colecionadores ricos, como o príncipe Abdullah bin Khalifa al-Thani, do Catar, fazendo-os acreditar que estavam adquirindo itens históricos genuínos.

O prestígio de Pallot se consolidou quando ele escreveu, há quase 40 anos, o que se tornou a obra de referência sobre o tema: "A Arte da Cadeira na França do Século XVIII", com prefácio de Karl Lagerfeld. No entanto, hoje, ele é lembrado por utilizar seu conhecimento para enganar especialistas e compradores de antiguidades.

Suspeitas

As suspeitas sobre a autenticidade das peças atribuídas a Pallot começaram a surgir anos antes, principalmente levantadas por seu ex-aluno Charles Hooreman, que também seguiu carreira no campo das antiguidades.

Em 2012, Hooreman identificou sinais de fraude em bancos dobráveis anunciados como pertencentes à Princesa Louise Élisabeth, filha mais velha do Rei Luís XV. Ele reconheceu o uso de alcaçuz derretido para envelhecer a madeira — uma técnica utilizada por Bruno Desnoues, marceneiro parceiro de Pallot.

Após anos de investigação, Pallot e outros cinco acusados — incluindo Desnoues —compareceram ao tribunal em Pontoise, perto de Paris, na última terça-feira, enfrentando acusações de fraude com móveis antigos falsificados.

Em 2016, o Ministério da Cultura francês declarou que a polícia investigava a autenticidade de móveis avaliados em 2,7 milhões de euros (R$ 16,6 milhões), incluindo cadeiras atribuídas a Luís XV adquiridas pelo Palácio de Versalhes. A constatação de que as peças eram falsas levou à prisão de Pallot e à mudança de procedimentos de autenticação de antiguidades na França.

O julgamento, que deve continuar no próximo mês, reflete um momento crítico para o mundo da arte e das antiguidades, marcado por falsificações sofisticadas e esquemas complexos. Embora corra o risco de enfrentar anos de prisão, Pallot espera poder explicar sua versão dos fatos, buscando circunstâncias atenuantes para sua pena.

França príncipe Fraude Colecionadores especialista em arte maior especialista Bill Pallot

Leia também

A previsão de Baba Vanga que teria se tornado realidade em 2025


Transatlântico lendário está prestes a se tornar o maior recife artificial do mundo


Placa tectônica está puxando crosta dos EUA para o interior do planeta


Audible lança adaptação sonora de '1984' com grandes nomes da dramaturgia


Cinco anos após cesárea, mulher descobre compressa esquecida no abdômen


Igreja Católica denuncia comércio ilegal de relíquias de Carlo Acutis