O presidente francês Emmanuel Macron reconheceu a responsabilidade da França pelo assassinato de Larbi Ben M'hidi em março de 1957
Redação Publicado em 01/11/2024, às 13h57
Nesta sexta-feira, 1º, o presidente francês Emmanuel Macron reconheceu a responsabilidade da França pelo assassinato de Larbi Ben M'hidi em março de 1957.
Ben M'hidi, considerado um herói nacional na Argélia, foi um dos seis líderes do “Front de Libération Nationale” (“Frente de Libertação Nacional”, em tradução literal). O grupo foi responsável pela insurreição contra o domínio colonial francês em 1º de novembro de 1954, um evento que desencadeou a Guerra da Argélia (1954-1962).
O conflito, marcado por intensa violência e repressão, culminou na independência do país em 1962. A declaração de Macron, por sua vez, coincide com o 70º aniversário da insurreição e representa um momento crucial na reflexão histórica sobre o passado colonial da França.
Até o momento, o governo francês nunca havia contestado a teoria do suicídio apresentada pelo exército na época do assassinato, que alegava que Ben M'hidi havia se enforcado em sua cela.
No entanto, em 2001, o general Paul Aussaresses confessou que ele próprio havia enforcado o líder revolucionário, revelando a verdade sobre as circunstâncias de sua morte e a brutalidade do regime francês durante a guerra.
O comunicado da Presidência francesa afirma que Macron "reconhece hoje que Larbi Ben M'hidi foi assassinado por soldados franceses sob o comando do General Aussaresses”.
“O reconhecimento deste assassinato atesta que o trabalho de verdade histórica, que o Presidente da República iniciou com o Presidente Abdelmadjid Tebboune, continuará”, diz o comunicado, que destaca que o objetivo de Macron é “conseguir a criação de uma sociedade pacífica e pacífica”.
É também pensando nas gerações futuras que o Chefe de Estado assume o dever, uma e outra vez, de procurar formas de reconciliar as memórias entre os dois países”, ressalta a nota.
Segundo a AFP, no fim de setembro, Macron já havia expressado em uma reunião com uma comissão de historiadores sua "determinação" em "prosseguir o trabalho de memória, verdade e reconciliação" com a Argélia, um país com o qual surgem tensões diplomáticas recorrentes.
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