Talibã tem proibido livros 'não islâmicos' ou contrários ao governo e distribuído cópias do Alcorão e textos religiosos
Giovanna Gomes Publicado em 21/11/2024, às 11h32
O Talibã intensificou sua campanha de censura literária no Afeganistão, proibindo livros considerados "não islâmicos" ou contrários ao governo em bibliotecas e livrarias do país. Desde seu retorno ao poder em 2021, o governo islamista implementa uma rigorosa interpretação da sharia (lei islâmica) para controlar o conteúdo disponível à população.
A censura é conduzida por uma comissão criada pelo Ministério da Informação e Cultura, que inspeciona obras, confisca títulos e elabora listas de livros proibidos. Em outubro, o ministério revelou que identificou 400 obras que "entravam em conflito com os valores islâmicos e afegãos", muitas delas retiradas de mercados e livrarias.
Entre os títulos banidos está 'Jesus, o Filho do Homem', do renomado autor libanês-americano Khalil Gibran, acusado de blasfêmia, e 'O Crepúsculo dos Deuses da Estepe', do albanês Ismail Kadaré. Outro livro censurado, 'Afeganistão e a Região: uma Perspectiva da Ásia Ocidental', escrito por Mirwais Balkhi, ex-ministro da Educação do governo anterior, foi classificado como "propaganda negativa".
Em substituição às obras confiscadas, o ministério distribui cópias do Alcorão e textos religiosos. "Não proibimos livros de um país ou autor específico, mas analisamos os livros e bloqueamos os que são contrários à religião, à sharia ou ao governo, ou que contenham fotografias de seres vivos", explicou Mohamad Sediq Khademi, funcionário do departamento de Promoção da Virtude e Prevenção do Vício em Herat.
"Há muita censura. É muito difícil trabalhar, e o medo se espalhou por todos os lados", disse um editor de Cabul à AFP.
A agência de notícias destaca que durante o regime talibã anterior, entre 1996 e 2001, o setor editorial era praticamente inexistente devido às décadas de guerra que devastaram o país.
Hoje, milhares de livros são importados semanalmente, especialmente do vizinho Irã, mas muitos são retidos na fronteira por não atenderem às normas impostas. Importadores recebem listas de obras proibidas e têm a opção de devolver os livros rejeitados para reembolso, embora, em alguns casos, os materiais sejam simplesmente confiscados.
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