O desenho de variação do deus Rá pegou de surpresa os arqueólogos, que esperavam ver apenas madeira crua em projeto de conservação
André Nogueira Publicado em 18/02/2020, às 07h00 - Atualizado às 08h01
Três pesquisadores descobriram, ao abrir um sarcófago de 3.000 anos do Egito, a imagem do deus-sol Ra-Horakhty escurecida por uma camada de alcatrão em seu interior. "Foi um momento de parar o coração", descreveu o professor de Harvard, Peter Der Manuelian, em comunicado da universidade. O caixão em análise era o de um porteiro do templo de Amon-Ra de nome Ankh-khonsu e carregava a marcação do texto “Ra-Horakhty, o grande Deus, Senhor do Céu".
A descoberta ocorreu por acaso, durante projeto de pesquisa que visava criar um registro visual dessa múmia, junto a mais dois, para uso dos estudantes e pesquisadores. Segundo Manuelian, “não havia documentação moderna do interior do caixão, por isso não tínhamos ideia do que esperar: madeira simples ou uma divindade requintadamente pintada nos encarando”.
O projeto de análise dos sarcófagos envolveu uma equipe de especialistas meticulosamente indicados para a conservação e o registro dos procedimentos de digitalização do artefato, envolvendo experts em pigmentação e análise residual que focaram nos adornos do caixão. Foi divulgado pela Universidade de Harvard que o local de descanso de Ankh-khonsu data da 22ª Dinastia, que governou entre os séculos 10 e 8 antes de cristo.
"É uma honra trabalhar com esses artefatos de perto, e incomum poder tocar em algo tão antigo e com tanta história", afirmou Jane Piechota, consultora de conservação ligada ao Museu Semítico de Harvard, à plataforma digital Phys.org. Ela, junto com Dennis Piechota, possibilitou um manuseio consciente e preparado do objeto antigo. Apesar de a grande maioria da equipe ter pouco contato com materiais tão longevos como os do Egito Faraônico, não houve prejuízos com o estudo do objeto.
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