Novos estudos trazem mais indícios sobre origem dos povos nativos americanos; entenda!
Éric Moreira, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 10/05/2023, às 12h26 - Atualizado às 12h27
Um novo estudo desenvolvido por pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências aponta mais indícios de que os povos nativos americanos que aqui viviam há milhares de anos descendem de antigos siberianos que, no passado, cruzaram o Estreito de Bering — uma faixa de terra que se formou devido as condições climáticas extremamente frias, criando uma ponte entre onde hoje existem a Rússia e os Estados Unidos.
Porém, a partir de novos estudos genéticos, geológicos e arqueológicos, foram apontadas evidências que sugerem a chegada de outros grupos humanos às Américas advindos de várias partes da Eurásia. Para chegar às descobertas, foi utiizado o DNA mitocondrial para o rastreio de uma linhagem feminina que vai desde o norte da China até o continente americano.
Já há muitos anos é reconhecido que os antigos povos americanos possuem ancestrais advindos da Sibéria, que teriam vindo pelo já mencionado Estreito de Bering. Porém, a ligação recém apontada entre a linhagem de DNA mitocondrial D4h3a (típica de nativos americanos) e D4h3b (encontrada somente no leste da China e Tailândia) levanta a hipótese de que a ancestralidade americana é ainda mais variada.
Avaliando cruzadamente o DNA mitocondrial contemporâneo e antigo, a equipe de pesquisadores apontou evidências de, ao menos, duas migrações da Ásia para a América: uma ainda durante a última era glacial, e outra no período de derretimento dessas geleiras, que se sucedeu.
"A ascendência asiática dos nativos americanos é mais complicada do que o indicado anteriormente", afirma, em nota, o antropólogo molecular da Academia Chinesa de Ciências Yu-Chun Li.
"Além das fontes ancestrais descritas anteriormente na Sibéria, Australo-Melanésia e Sudeste Asiático, mostramos que a costa norte da China também contribuiu para a formação genética dos nativos americanos."
Publicado na revista Cell Reports, o artigo detalha a trilha de uma linhagem ancestral que conectaria povos do Período Paleolítico do Leste Asiático, com populações fundadoras de regiões onde hoje existem Chile, Peru, Bolívia, Brasil, Equador, México e Califórnia.
Essa linhagem, no caso, é percebida pelo DNA mitocondrial, que pode traçar o parentesco a partir de uma herança genética exclusivamente feminina, visto que ele é replicado unicamente entre a mãe e seus descendentes.
Para o estudo, foram analisadas mais de 100 mil amostras de DNA contemporâneas, e outras 15 mil antigas de diferentes partes da Eurásia — conjunto entre a Europa e a Ásia —, o que permitiu a identificação de 216 indivíduos atuais e 39 antigos pertencentes à linhagem. E a partir de comparações entre mutações acumuladas, localizações geográficas e a idade de cada um destes, foi possível, por fim, traçar o caminho da ramificação.
Foi possível perceber, com as pesquisas, a existência de dois eventos migratórios do norte da China para as Américas: o primeiro durante o Último Máximo Glacial, que se deu há 25 mil anos, quando havia uma maior cobertura de gelo na região de origem, o que fazia com que fosse provavelmente inóspita para os humanos; e outra durante o degelo, entre 19 mil e 11,5 mil anos atrás.
Nesse período, também ocorreu um rápido aumento no número das populações humanas, muito provavelmente devido à melhoria das condições climáticas, o que favoreceu a expansão para outras regiões do globo. De qualquer forma, em ambos os eventos migratórios, eles teriam chego à América pela costa do Pacífico.
Porém, o estudo não descobriu somente isso; também foi apontada outra ligação genética entre americanos e japoneses. De acordo com a Revista Galileu, essa ligação também deve ter ocorrido entre o período de degelo, mas esse grupo de japoneses também seria originário da costa norte da China.
Essa descoberta, por sua vez, ajuda ainda a explicar as diversas semelhanças arqueológicas do Paleolítico entre os povos da China, do Japão e das Américas. Uma semelhança em específico que pode ser mencionada, por exemplo, era a forma de criação de pontas de projéteis para flechas e lanças.
Isso sugere que a conexão do Pleistoceno entre as Américas, a China e o Japão não se limitou à cultura, mas também à genética", afirma no estudo Qing-Peng Kong, geneticista evolutivo da Academia Chinesa de Ciências.
Por fim, mesmo que o estudo tenha se concentrado em analisar o DNA mitocondrial — novamente, aquele que estabelece uma linhagem genética feminina —, também existem evidências genéticas complementaresdo cromossomo Y (masculino) que reforçam a vinda de ancestrais dos nativos americanos do norte da China, na mesma época.
Os especialistas ainda afirmam que mais pesquisas se fazem necessárias, visto que as origens de vários grupos fundadores ainda não puderam ser descritas, e são, por vezes, controversas.
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