Pesquisadores indicam que guerreiro nômade morreu durante uma primitiva cirurgia cerebral. Os restos de um bebê encontrado ao seu lado também chamam atenção
Vinícius Buono Publicado em 25/07/2019, às 09h00
Na Rússia, arqueólogos encontraram o esqueleto de um guerreiro morto há 2 mil anos. O que mais chama a atenção na descoberta é o enorme buraco no crânio, que dá a ele uma aparência quase alienígena.
O guerreiro foi encontrado próximo aos restos de um bebê que provavelmente pertencia a elite dos Sármatas, um povo que habitava a região do Irã no século 5 a.C. Diversos ornamentos feitos de pedras preciosas e semi-preciosas e representando mitos da Grécia Antiga ornamentavam o fóssil da criança, e os cientistas ainda estão tentando descobrir se existia alguma relação entre os dois.
Os restos foram localizados em covas datadas de aproximadamente 1.800 anos. Junto com o guerreiro e seu crânio deformado foram encontradas uma espada sem cabo, embainhada em couro alaranjado, e uma aljava contendo um conjunto de pontas de flechas.
De acordo com os especialistas, o buraco na cabeça não foi causado por ferimento de batalha, mas sim por uma cirurgia cerebral que deu errado. De acordo com o arqueólogo Damir Soloyev, além do buraco apontar para uma cirurgia que não deu certo. A ausência de sinais da reconstrução do tecido ósseo nas bordas da marca indicam que o guerreiro morreu durante o procedimento cirúrgico.
Os cientistas, através de outras pesquisas em sítios arqueológicos russos, explicaram que esses povos nômades já conheciam formas arcaicas de cirurgia cerebral como a trepanação, quando uma parte circular do crânio era removida para reduzir a pressão na caixa craniana e, consequentemente, as dores de cabeça.
Tais procedimentos podiam ser usados, também, para curar hematomas ou até mesmo epilepsia. Cannabis, cogumelos e práticas xamanísticas em geral eram empregados como anestésicos.
Além do crânio insólito, o guerreiro não foi encontrado com nada que chamasse muita atenção. O bebê, em contrapartida, gerou grande especulação. Morto antes mesmo de ter formar os dentes de leite, com cerca de dois anos de idade, a sua cova estava lotada de jóias, indicando que ele tinha uma posição de prestígio na sociedade nômade. Uma das peças, surpreendentemente conservada, mostra Perseu, o herói grego que derrotou a Medusa.
Pouco se sabe acerca do fóssil menor. O sítio arqueológico onde ambos foram encontrados foi descoberto recentemente, em Astrakhan, na Rússia, quando um fazendeiro achou um pote de bronze.
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