Duas sepulturas de 2,5 mil anos descobertas na China continham esqueletos com penas decepadas; possivelmente eram membros de elite que sofreram punição
Éric Moreira Publicado em 18/04/2024, às 09h55
Na China, arqueólogos encontraram duas sepulturas contendo esqueletos de 2,5 mil anos que chamaram atenção, especialmente por possuírem partes de suas pernas decepadas. Segundo um novo estudo, publicado na Archeological and Anthropological Sciences, eles possivelmente pertenceram a membros da elite daquela sociedade, e a amputação pode ter ocorrido como forma de punição.
Conforme descrito pelo Live Science, os esqueletos foram escavados em um antigo cemitério localizado na província de Henan. Encontrados dentro de caixões de duas capadas, e sepultados com orientação norte-sul, eles foram encontrados junto a objetos como ganchos de cinto de cobre, tábuas de madeira e cerâmicas, o que indica que podem ter sido indivíduos de alto status social.
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Porém, o que mais chamou atenção em ambas as descobertas foi o fato de que os dois indivíduos não tinham o quinto inferior de uma das penas (um da perna esquerda, e outro da direita). Os ossos ainda apresentavam sinais de cicatrização, e nenhuma marca de corte, o que pode indicar que o corte foi deliberado e bastante habilidoso, além de ter sido seguido por um cuidado adequado das feridas.
A partir de exames como uma tomografia computadorizada e datação por radiocarbono, foi descoberto que os esqueletos pertenceram a homens que viveram na região por volta do ano 550 a.C. — no período dos Reinos Combatentes —, quando a área era dominada pela dinastia Zhou Oriental.
Quando o homem cuja perna esquerda foi decepada morreu, ele tinha entre 40 e 44 anos; já o outro, entre 45 e 55. Além disso, os pesquisadores também apontam que ambos tinham dietas ricas em proteínas e em um tipo de carboidrato comum em plantas como o milho. Tudo isso, junto com a presença de camadas nos caixões, levantam a hipótese de que eles teriam um status social elevado quando ainda vivos.
Baseando-se no código penal de Zhou, os pesquisadores envolvidos no estudo sugerem que a razão mais plausível para a ausência de pernas naqueles dois homens seria um método de punição chamado yue.
Esta seria uma prática vigente na China Antiga desde a dinastia Xia (2.100 a 1.600 a.C.) e abolida na dinastia Han (século 2 a.C.), que prescrevia amputações para crimes como "enganar o monarca, fugir dos deveres, roubar e assim por diante", segundo Qian Wang, professor de ciências biomédicas da Faculdade de Odontologia da Universidade Texas A&M em e-mail à Live Science.
Além disso, Wang ressalva que elas podem ter sido algo como uma "pena reduzida" aplicada no lugar da pena de morte. Porém, acrescenta que, de qualquer forma, a amputação da perna direita geralmente era associada a crimes mais graves que da perna esquerda.
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