A flor utilizada para a extração e o pigmento obtido - Divulgação
Portugal

Especialistas portugueses reproduzem tinta azul medieval rara de receita abandonada

Com mais de mil anos de tradição, os pesquisadores tiveram de traduzir um livro com escrita medieval extinta

Wallacy Ferrari Publicado em 20/04/2020, às 10h00

Pesquisadores portugueses foram capazes de traduzir um livro escrito em um idioma extinto e refazer uma receita capaz de extrair a tinta azul de uma flor rara — conhecida como Chrozophora tinctoria. Conhecido como fólio, o tom de azul índigo encontrado era utilizado na Idade Média para colorir diversos tipos de objetos, como tecidos, livros e pinturas.

Com um toqie acentuado e com propriedades duradouras, a tonalidade era amplamente utilizada para a produção de itens literários de luxo, como livros de iluminuras. Além disso, por ser de origem natural, poderia ser utilizado até em alimentos, como registrou os pesquisadores por identificar seu uso na casca de um queijo holandês.

Os pesquisadores da Universidade Nova de Lisboa acreditam que o texto medieval é datado do século 15 e a tinta era produzida por monges cristãos, de maneira que fosse utilizado para colorir objetos mandados por todo o continente europeu. A receita havia sido descartada pelo menos desde o século 19.

Com a invenção da prensa de Gutenberg, a produção rápida e mecânica de obras literárias fez a popularidade de livros manufaturados, com manuscritos e poucas reproduções, despencar, descartando o uso da tinta na literatura. Com a invenção de corantes sintéticos, seu uso foi completamente interrompido pelos custos altos.

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