Após o sumiço de Ikki, José Eduardo encontrou Paolo Bracho, que ‘roubou’ a identidade de seu antigo pet por dias. Entenda a cãofusão!
Fabio Previdelli Publicado em 02/02/2022, às 12h04
Aquela terça-feira, 25, parecia ser como qualquer outra para José Eduardo Ramos de Carvalho, de 33 anos. Logo pela manhã, por volta das 5h30, ele saiu para passear com o cachorro Ikki, que faz parte da família há sete anos.
Depois do passeio pela região — José Eduardo e Ikki vivem em um bairro de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul —, no entanto, algo de diferente aconteceu: ao passar pelo portão de casa, o tutor percebeu que Ikki não o acompanhava, como fazia sempre. Seu mundo desabou.
Andei pelo bairro todo, não achei. Começamos a saga de procurar na internet, nas ruas”, explica Carvalho ao G1.
A preocupação pelo desaparecimento de Ikki era ainda mais preocupante visto que o cãozinho possui um problema neurológico grave. José Eduardo conta que chegou até mesmo a vasculhar sacolas com corpos de animais mortos para constatar que nenhum deles era seu amigo de longa data.
“Depois enterrei, com todo carinho e respeito e avisei [à Polícia e ao Centro de Controle de Zoonose], porque, né, eram anjinhos desovados ali e poderiam ser o meu ou de qualquer outra pessoa”, ressalta.
A chama do reencontro ardeu novamente dois dias depois, quando o tutor viu uma publicação na internet: era Ikki, ele tinha certeza. “Liguei por vídeo, ele lambeu a tela do celular”, relata.
O alívio, porém, seria temporário, afinal, Paolo Bracho havia ‘roubado’ a identidade de Ikki. De volta à casa, o doguinho resgatado logo se mostrou dono do pedaço. Ele foi cumprimentar todos, até mesmo os dois gatos da família e a recém-adotada cachorrinha Pandora.
“Deu um beijinho nela, mostrou a casa para ela, até no fundo. Beijou os gatos e ficou super à vontade, tranquilão”, relata o tutor. “Na primeira noite quando foi resgatado, dormiu comigo e me abraçou com as duas patinhas. Não desgrudava por nada. Tipo por gratidão”.
Mas um dia as máscaras sempre caem. Apesar do comportamento semelhante, José Eduardo estranhou um comportamento do cão: ele subiu no sofá. Após reparar bem em todos os detalhes do dog, a verdade apareceu. “Ele enganou até a minha avó”, diz.
“Se eu não falasse, ela nunca ia perceber. Eu o conheço há 7 anos, talvez pela emoção não reparei, mas o comportamento dele é idêntico, tanto que minha avó o chama de Ikki e ele atende. Não consigo entender”, conta José Eduardo em tom descontraído.
Paolo Bracho, inclusive, foi capaz de imitar uma característica de Ikki: devido a seu problema neurológico, o cão se morde sempre quando está muito feliz ou nervoso. Até nisso ele o imitou, relata o tutor.
Vale ressaltar que o nome Paolo Bracho faz referência a um personagem da novela mexicana “A Usurpadora", que fez muito sucesso na televisão brasileira na década de 1990. Portanto, o apelido se encaixou perfeitamente no doguinho, que em nenhum momento demonstrou desconforto em viver a vida de outro pet.
Quando eu o encontrei, o dog me abraçou, pulou, beijou, igual o Ikki fazia, e respondia pelo nome. Tudo, tudo igual. As marcas, o TOC [ Transtorno Obsessivo Compulsivo] , etc. Chorei junto. Até a marquinha de coração do lado direito e tal”, explica Carvalho.
Com a ‘farsa’ revelada, José Eduardo continuou em busca de Ikki. Uma semana depois, enfim, o pet foi localizado. Ele estava no bairro de Santa Camélia. A descoberta aconteceu novamente pela internet.
Após a volta do Ikki original, porém, José Eduardo não pensa em deixar Paolo Bracho sem teto. Ele afirma que deseja ficar com os dois cachorros, a não ser que o antigo tutor de Paolo apareça. “Agora, com calma, sem ansiedade, até minha avó vê que são diferentes”, brinca.
Carvalho conta, aliás, que a vinda de Paolo ajudou a reanimar a família, que sofre desde que o avô de José Eduardo, a quem ele considerava um pai, partiu há quatro meses. “Desde que meu paivô faleceu, eu não via minha avó reagir. Está de pé, feliz, cozinhando, dando risada da história”.
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