Entre 30 e 40% dos restos mortais pertenciam a crianças e adolescentes que morreram em virtude de doenças infecciosas; saiba mais!
Fabio Previdelli Publicado em 01/07/2024, às 13h36
Após um trabalho iniciado há cerca de cinco anos, um grupo de cientistas da Universidade de Milão descobriu um antigo cemitério com mais de 300 tumbas de múmias. O local fica na província de Assuã, a pouco menos de mil quilômetros do Cairo, foi apelidado de 'Cidade dos Mortos'.
A necrópole abrange uma área de 82 mil metros quadrados e conta com até 10 terraços de tumbas antigas, explicou a arqueóloga Patrizia Piacentini, que ainda relatou que as tumbas estão dispostas em camadas em uma colina perto do moderno Mausoléu de Aga Khan III.
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Esta foi uma descoberta realmente espetacular, única no Egito. As pessoas que viveram em Assuã cobriram a colina com tumbas. É uma espécie de Cidade dos Mortos", disse ao Daily Mail, conforme repercutido pelo O Globo.
Assuã, há 4.500 anos, funcionou como uma importante zona comercial e militar; sendo considerada uma das cidades mais antigas do mundo. A região ficou famosa por fornecer material e pedras para muitos monumentos espalhados pelo país — com alguns existindo até hoje.
No local, foi descoberto 36 novos túmulos reutilizados por mais de 900 anos (entre os séculos 6 a.C. e 9 d.C.). Estima-se que cada um deles comportou entre 30 e 40 tumbas de múmias.
De acordo com Ayman Ashmawy, que chefia a Divisão de Antiguidades Egípcias do Conselho Supremo de Antiguidades, entre 30 e 40% dos restos mortais pertenciam a crianças e adolescentes; sendo que muitas delas morreram em virtude de doenças infecciosas e outras enfermidades fatais, incluindo anemia, tuberculose e falência dos órgãos.
A população que viveu em Assuã era uma mistura entre egípcios, persas, gregos e romanos. Um fato curioso é que a cidade recebeu esse nome, que significa 'mercado', justamente por conta de sua força comercial representativa na época.
Assuã foi um ponto de passagem desde sempre. As pessoas vinham do leste para o oeste. As pessoas vinham para cá porque era a fronteira, os produtos do sul chegavam a Assuã e depois dispersavam-se por todo o lado", explicou Piacentini.
A descoberta também revelou detalhes sobre as práticas funerárias de suas épocas, como o fato de alguns túmulos apresentarem diferenças de estilos: uns como uma entrada em caixão com um pátio aberto cercado por paredes de tijolos leitosos, ou outros escavados diretamente na rocha da montanha.
Os pesquisadores apontam que as pessoas foram enterradas no local conforme sua classe social; sendo que a elite, como o general-chefe de Assuã, foi sepultada no topo da colina, e a classe média mais abaixo.
"Encontramos dois ou três desses pequenos grupos que podem ter morrido de doenças infecciosas. Também foram encontradas nos túmulos oferendas, como cerâmica, objetos de madeira e muito mais", finalizou Piacentini.
A Cidade dos Mortos foi identificada pela primeira vez em 2019, durante a descoberta de uma tumba contendo múmias de duas crianças e, logo depois, de seus supostos mãe e pai. Cada escavação posterior revelou dezenas de tumbas e forneceu mais pistas sobre uma sociedade inexplorada que viveu há mais de 2.000 anos.
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