"Achei que fosse água, mas as gotas me queimaram", disse Emanuel de Almeida Pastl
Redação Publicado em 02/12/2021, às 14h42
Emanuel de Almeida Pastl, um dos sobreviventes do incêndio da boate Kiss, prestou depoimento sobre o ocorrido no tribunal na última quarta-feira, 1. Ele revelou, na ocasião, que nunca tinha ido à casa noturna, localizada na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, antes do dia da tragédia que deixou 242 mortos e 636 feridos.
No momento do início do incêndio, os irmãos gêmeos se encontravam em uma área próxima à saída, porém não conseguiram ver o que acontecia no palco ou na pista de dança. Não demorou muito até que uma fumaça cinza chegasse até eles.
"Começou o tumulto, as pessoas se começaram a se chocar. Tinha iluminação e música de fundo. As pessoas começaram a se apertar e virou um tumulto", declarou Emanuel, segundo informou o UOL.
“Nesse tumulto, eu desencontrei do meu irmão. De repente teve um momento significativo da presença de fumaça da camada respirável e [aumento] de temperatura também. Numa situação insuportável. As pessoas entraram em estado de pânico, começaram a se atropelar, a se puxar, se empurrar", prosseguiu Pastl .
Em determinado momento, as luzes se apagaram, de modo que o sobrevivente teve de usar o celular para iluminar o chão. Contudo, no meio da confusão, seu aparelho acabou caindo no chão.
"Eu me abaixei para pegar o celular, bateram em mim novamente e eu caí no chão. Eu me lembro de que ali no chão estava realmente muito fresco, mas, mesmo assim, eu fiz um esforço para levantar e fui indo em direção à saída de emergência", relembrou.
"Começou a pingar alguma coisa e eu pensei: os chuveiros automáticos estão funcionando, na minha cabeça. Mas não era, era uma coisa quente, me queimando, gotejando em mim, saí pela porta lateral direita e fui para rua", finalizou o jovem, que ficou com queimaduras de 2º e 3º graus nos dois braços.
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