Donna Nelson, de 58 anos, foi condenada à prisão por contrabandear metanfetamina para o Japão, após supostamente ser vítima de golpe romântico online
Éric Moreira Publicado em 04/12/2024, às 08h28
Donna Nelson, uma australiana de 58 anos, foi condenada à prisão por contrabandear metanfetamina para o Japão, após supostamente ter sido mais uma vítima de golpe romântico online. Agora, ela foi sentenciada a seis anos de prisão, tendo as alegações de que foi vítima de golpe ignoradas pelo tribunal.
Originária de Perth, a mulher foi considerada culpada por contrabandear 2 kg de metanfetamina dentro de um fundo falso em sua mala. Ela chegou ao aeroporto de Narita, próximo de Tóquio, em janeiro de 2023, vinda do Laos, e na época os promotores exigiram uma sentença de 10 anos e US$ 30 mil como multa, mas só agora saiu a condenação.
Segundo o The Guardian, a australiana alegou que sequer sabia sobre a existência das drogas na mala, explicando que ela lhe foi entregue por um conhecido de um homem que ela conheceu online em 2020, com quem planejava se casar.
Ela deveria levar a mala para o Japão, e entregá-la ao seu pretendente — que ela nomeou apenas como "Kelly" —, um suposto proprietário nigeriano de um negócio de moda local, que teria pago sua passagem. Porém, quando chegou ao aeroporto de Narita, o homem não estava lá.
Agora, conforme repercute o The Guardian, os promotores até reconhecem que Donna Nelson foi vítima de um golpe romântico online, mas ainda insistiram que ela devia saber o que carregava na mala quando deixou Laos. Isso porque, quando chegou ao Japão, ela não declarou que a bolsa era de outra pessoa, e ainda escreveu que visitava o país a negócios.
Se ela não tinha nada a esconder, por que ela simplesmente não contou a verdade e por que ela não avisou à alfândega que iria ver o noivo?", indagou no tribunal o promotor Ogata, segundo a ABC.
Durante o julgamento, as filhas de Donna Nelson protestaram a favor da inocência da mãe. Uma delas, Kristal Hilaire, disse no tribunal distrital de Chiba, a leste de Tóquio, que a mãe era "uma boa pessoa", e que "ela pensou que estava vindo ao Japão para sua história de amor".
Ela não tinha nenhuma outra intenção além dessa. E é isso que precisamos que todos saibam e ouçam no tribunal esta semana", acrescentou Hilaire.
Além disso, também é utilizado como argumento a favor da australiana pela sua advogada, Rie Nishida, que a baixa proficiência em inglês dos funcionários da alfândega de Narita também pode ter levado a erros de tradução e, até mesmo, à alegação de que ela sabia que estava traficando drogas.
Esse caso reforça a já conhecida lentidão nos processos judiciais no Japão, que mantém vários suspeitos detidos por longos períodos, até serem definitivamente condenados ou libertados. O caso de Donna Nelson segue em andamento na Justiça, e não ficou claro se a defesa da australiana pretende apelar da sentença.
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